quinta-feira, 7 de abril de 2011

Minha Noite de Mirtilo

Mas a internet é uma coisa incrível mesmo, né? Sabe-se lá onde você vai parar depois de cada clique, cada pesquisa nonsense no google, cada link estranho postado por um semi-conhecido no twitter. Minhas aventuras de internauta de hoje tiveram um resultado mais do que satisfatório pra esse fim de quinta-feira, que infelizmente começou trágica com o massacre na escola Tasso da Silveira no Rio. Mas não é dessa tragédia que eu queria falar hoje. Queria simplesmente comentar o fato de como é legal ter a sorte de encontrar algo por acaso; algo BOM por acaso. Legal não exatamente como achar cinco reais na rua. Legal mais como achar cinco reais no bolso daquele seu jeans encardido, mas que é o seu mais confortável. O tesouro estava ali o tempo todo só esperando você achá-lo. Tá, chega. Acho que Grey's Anatomy me fez uma lavagem cerebral. Passemos à resenha.

O achado de hoje, que eu já nem me lembro como achei, é o filme Um Beijo Roubado (My Blueberry Nights. Adoro essas traduções brasileiras), filme que marcou a estreia da Norah Jones no cinema. Ele conta a história de Lizzie, que após uma decepção amorosa resolve começar tudo de novo e deixa Nova York em busca de novas coisas. Nessa jornada Lizzie conhece várias pessoas, cada uma diferente da outra e muito diferentes da própria Lizzie, que sempre se demonstra quieta e amável. Dentre essas novas amizades temos um policial alcóolatra e sua ex-esposa errática no Tennessee e uma jogadora profissional de pôquer em uma cidadezinha em Nevada. Cada uma dessas pessoas deixa uma marca na protagonista e lhe mostra os diferentes rumos por onde a vida pode nos levar.

Esse é um filme absolutamente sem a mínima pretensão de se fazer importante. É uma história simples sobre buscar a si mesmo, embalada por uma trilha sonora intimista (incluindo a própria Norah Jones) e sem ser sentimetaloide. Aliás, se você não estiver no humor certo, pode até achá-lo enfadonho em certas partes, mas vale muito a pena pela interpretação convincente do elenco - que inclui Natalie Portman, Rachel Weisz e Jude Law - como um todo. A propósito, bizarro ver a Natalie Portman caipira com aquele sotaque sulista.

A crítica americana chegou a reprovar certos aspectos do filme, dirigido pelo chinês Wong Kar Wai, por achar os diálogos meio traduzidos e o retrato dos americanos como se visto de fora. Convenhamos, como brasileiros não temos nada a ver com isso. O que importa aqui é o lembrete de que nessa nossa era maníaca por 3D e grandes produções ainda se fazem filmes sobre pessoas comuns, com emoções comuns a todos nós, ainda que a gente só encontre esses filmes por acaso, clicando talvez num link estranho postado por um semi-conhecido no twitter.
"It wasn't so hard to cross that street after all. It all depends on who's waiting for you on the other side"
*Trailer, IMDB

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