Dá um medo quando a gente quer contradizer alguém que tem certa autoridade, né? Pô, o cara vive disso, (supõe-se que) sabe o assunto de cabo a rabo e as pessoas vão até ele pedir opinião. Quem sou eu pra desdizer ou quem sabe até maldizer o que esses caras afirmam ferrenhamente com palavras grandes e embasamentos filosóficos que eu nem sequer sei de onde vieram? Pois é, mas é isso que eu vou fazer hoje: ir contra os críticos, dar minha cara a tapa e dizer que achei Sucker Punch legal.O filme narra a história de Babydoll, uma jovem que acaba sendo internada em um instituto psiquiátrico após ser culpada injustamente por seu padrasto pela morte da irmã. De repente a sequência normal da história muda e a jovem se vê em uma realidade diferente, na qual ela é obrigada a trabalhar numa casa de prostituição junto com outras garotas: Amber, Blondie, Rocket e Sweet Pea. Nesse prostíbulo as garotas devem ter aulas de dança como forma de treinamento para suas performances, depois das quais seus clientes as escolherão. Presa nessa realidade opressora, Babydoll começa a ter visões/flashes/whatever de uma terceira realidade, onde todas as meninas são soldados de um mundo bizarro em busca de cinco itens misteriosos. Baseada nessa visão dos cinco itens misteriosos é que Babydoll então passa a planejar a fuga do prostíbulo. Ufa! Odeio resenha que se estende falando da sinopse, mas dessa vez foi preciso.
Passa da metade do filme e você (pelo menos eu) ainda não entende exatamente onde elas estão de verdade ou o que significa o início do filme pra história. Mas é interessante notar dentro dessa confusão de tramas paralelas os detalhes incríveis da fotografia. Do início soturno quase preto e branco somos levados pro mundo mais vivo da vida violenta no prostíbulo e de lá pro mundo mais bizarro de todos, que alterna entre castelos góticos, trincheiras alemães sangrentas e templos orientais. Sem contar que as cenas de luta são dignas dos mais loucos videogames, com direito a slow motions espetaculares e quase que total descaso com as leis da física. Imagens realmente muito bonitas, mas que devido ao uso extremo da computação gráfica sofreram reprovação da crítica, que julgou serem mais coerentes com os próprios videogames do que com um filme mesmo. Bullshit, I say.
Outro ponto muito polêmico entre os críticos foi o suposto tiro que saiu pela culatra. Na busca por tornar as mulheres donas do seu destino, que vão a extremos em sua luta por liberdade, disseram os expertos que o filme acaba as degradando, colocando-as em um universo extremamente violento, no qual são humilhadas e submetidas à venda indiscriminada e vulgar de seus corpos, fato corroborado pelos trajes mínimos que vestem durante a maior parte da história. Quanto a isso não posso afirmar com certeza, mas o próprio fato de elas serem capazes de tudo aquilo pra ter uma vida mais digna me parece muito mais enaltecer a fibra feminina do que realmente degradá-las, já que não são elas as culpadas por se encontrarem naquela humilhação.
No final das contas não importa exatamente qual dos mundos é o verdadeiro, pois cada um carrega a sua verdade. O que acaba importando é que cada um é reflexo do outro e a mesma história se desenvolve sob circunstâncias absolutamente diferentes em cada um, mas acabam se encaminhando pro mesmo resultado. Enfim, um filme que não prima propositalmente por levantar qualquer tipo de bandeira, mas que é simplesmente divertido e com uma história bem diferente das que se veem por aí. Vale a pena pelas imagens impressionantes ao som de uma trilha psicodélica bad ass de rock e mulheres dando surra em robôs, soldados, monstros e no que aparecer.
"If you don't stand for something, you'll fall for anything"*Trailer, IMDB.
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