quinta-feira, 28 de abril de 2011

Na Véspera do 2.0

É, povo, chegou o momento: hoje é meu último dia como teen - pelo menos no sentido literal - nesse planeta. Amanhã completo duas décadas de existência, então vou mudar o foco dos posts desse blog. Daqui pra frente na pauta estarão economia, política, vinhos e queijos. A-h-a-m. Nessas horas bate de leve aquela síndrome de Peter Pan e você pensa "Mas 20 anos? Ser gente grande é chato!". Medo! Embora eu ache que a cada geração as pessoas assumam mais responsabilidades e mais cedo do que a anterior, portanto, vou respirar.

Anyway, desconsiderem o sentimentalismo fingido do parágrafo anterior e deem uma olhada na minha lista de filmes adolescentes favoritos (enquanto ainda posso apreciá-los... - HA - brincadeira).

5. Segundas Intenções (1999)

Baseado no livro "As Relações Perigosas", clássico francês do século XVIII, o filme traz a trama pra Nova York do fim dos anos 90. Recheada de intrigas, a história mostra a dissimulação de jovens da elite nova-iorquina que chegam a extremos fazendo seus joguinhos e destruindo reputações através de armações impensáveis. Famosíssimo pela sequência final embalada pelo som de Bittersweet Symphony do Verve, o filme conta com Sarah Michelle Gellar (no auge de Buffy), Ryan Phillippe e Reese Witherspoon (antes do casamento), entre outros. Definitivamente um clássico da nossa geração.

4. O Clube dos Cinco (1985)

É um filme basicamente sem trama alguma. É só um grupo de adolescentes que por alguma razão ficam de castigo no sábado de manhã na escola. Daí temos um integrante de cada panelinha: a paty, o atleta, o geek, o valentão e a autista. O valor do filme tá justamente na troca de experiências entre os cinco. Eles passam a ver que cada rótulo é só uma fachada e que são mais parecidos uns com os outros do que pensavam. Um filme extremamente franco com relação à adolescência e que passa longe dos clichés do gênero. Cultuado desde então, já teve referências em séries famosas como Gilmore Girls, Dawson's Creek (um episódio inteiro em homenagem) e Gossip Girl.

3. 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você (1999)

Dispensa explicações, né? Clássico é clássico! Quem não se lembra da famosa cena do "I Love You, Baby" na qual o finado Heath Ledger faz uma serenata bizarra no campo de futebol? Julia Stiles também muito foda estrelando no papel da anti-heroína inspirada n'A Megera Domada de Shakespeare, dando patada a torto e a direito. Ótimo filme estilo High School, cheio de falas hilárias e com trilha sonora rock adolescente rebelde.

2. Curtindo A Vida Adoidado (1986)

Até agora não acredito que só vim ver esse filme esse ano. Juro! Mesmo com todas as Sessões da Tarde dessa vida. A história toda se passa no dia em que Ferris Bueller decide matar aula mais uma vez pra se divertir por aí. Acompanhado por seu fiel escudeiro acanhado e sua namorada, Ferris vive os sonhos mais ousados de qualquer um que já gazetou uma aula. Sim, me refiro à cena do desfile dançando Twist And Shout. O filme além da curtição mostra toda a incerteza do adolescente quanto ao seu futuro e a suposta falta de diversão e tempo que ele trará. John Hughes comanda!

1. Juno (2007)

E finalmente honrando nossos anos 2000 temos Juno no primeiro lugar! Mais uma anti-heroína na lista, porque né, dane-se estilo Mandy Moore de ser! Juno é uma garota de 16 anos que engravida do melhor amigo. Após desistir do aborto, parte em busca de pais decentes pro bebê. Mas o legal do filme não é nem a história em si. Os diálogos é que são incrivelemente hilários e cheios de gracinha, transbordando a espontaneidade e a criatividade da adolescência (lembrando que levou o Oscar de melhor roteiro original). Pra completar temos a Ellen Page chutando traseiros e trazendo a Juno pra tela com um senso de humor do outro mundo, tornando cada fala e cada trejeito da personagem inesquecível. Enfim, se ainda não viu, baixe/compre logo!

Por hoje é só, povo! Não esqueçam dos meus parabéns amanhã!

sábado, 23 de abril de 2011

Roommate (NOT) Wanted

Finalmente um filme marromenos pra eu comentar aqui! Acho que tive tão seletivo esses últimos tempos que só escolhia ver os filmes que eu já sabia que eram bons. Resultado: todas as críticas aqui do blog eram positivas. Mas covenhamos que quem gosta de tudo, por tabela, não gosta de nada. Por isso passemos à crítica de The Roommate, estrelado por Leighton Meester, mais conhecida pelo papel de Blair Waldorf em Gossip Girl.

Sara é uma jovem mosca morta doce e sensível, que após rejeitar Brown por causa do ex-namorado, vai pra uma universidade em Los Angeles. Depois de se instalar em seu dormitório, ela conhece Rebecca (Leighton Meester), sua mais nova colega de quarto. Sua primeira impressão é que Rebecca é um pouco carente, mas seus interesses em comum acabam aproximando as duas. Enquanto Sara tenta viver suas experiências de faculdade, ela percebe que Rebecca não é uma companheira tão boa assim e o que antes era aparente amizade se torna uma obsessão psicótica.

Liste todos os clichés de filmes de universitários que você conhece. Garanto que você vai achar a maioria nesse filme, desde as bebedeiras das festas de fraternidades até o professor que paquera as alunas. É uma trama sem grandes surpresas com o mínimo diferencial do suspense. Também não vou ser injusto, pois o filme tem, sim, suas cenas bem tensas como perseguições em banheiros escuros e assassinatos, mas não muito além disso.

Contudo, no meio de toda essa falta de originalidade temos a interpretação da Leighton Meester, que realmente incorporou a amiga psicótica. A atriz trouxe à tona um lado que não estamos acostumados a ver em Gossip Girl. Com seus olhares doentios e sorrisos sonsos a personagem acaba sendo a única coisa que verdadeiramente se sobressaiu nesse filme, muito mais que a suposta heroína, interpretada por Minka Kelly. Deus me livre de uma colega de quarto doida daquele jeito! Mas no fim das contas The Roommate é um filme que diverte só naquele momento, enquanto você ri e engasga com seus amigos do lado, nada que milhares de outros filmes não façam.

Nota: 5,5.
"You were never my friend"
*Trailer, IMDB

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Girl Power Sobre Rodas!

Depois de Juno fiquei levemente obcecado pela Ellen Page. Como é que ela deu vida à uma personagem tão engraçada e interessante como aquela? Daí comecei a pesquisar sobre a atriz e tal e acabei esbarrando num filme dirigido pela Drew Barrymore que ela ia estrelar. Pois bem, o filme estreou (não em Manaus obviamente) há mais de um ano e meio e eu nem tinha me tocado. Acho que as gargalhadas que ecoaram pela casa ontem à noite ilustram melhor o quão divertido Whip It é (mais um pra série títulos escrotos em português: Garota Fantástica).

O filme narra a história de Bliss Cavendar, uma texana interiorana desajustada que, obrigada por sua mãe, participa de vários concursos de beleza. Durante umas compras em Austin, no entanto, Bliss acaba se inteirando de uma partida de roller derby que acontecerá em breve. Daí pra frente, a menina se apaixona pelo esporte e se depara com a difícil decisão: agradar aos pais ou correr atrás dos seus próprios objetivos. Daí você - assim como eu - se pergunta: WTF é roller derby???

Basicamente, o roller derby é um corrida de patins sobre um circuito oval. Dois times competem entre si e os jogadores principais - os jammers - devem ultrapassar os jogadores do time adversário a fim de marcarem pontos. Mas muito mais que uma simples corrida, o roller derby é essencialmente um show. As jogadoras vestem trajes coloridos e usam pseudônimos bad ass tipo Maggie Mayhem e Babe Ruthless. É um esporte de muito contato (leia-se 'muitas quedas e muita porrada') e passes ensaiados que levam os espectadores à loucura.


O roteiro de Whip It foi adaptado do romance original Derby Girl pela própria autora do livro. Acho que se mais autores começassem a fazer isso, teríamos adaptações bem melhores do que essas meia-bocas que a gente vê por aí. A trama se desenrola com bastante agilidade, alternando acertadamente entre a comédia das quedas do roller derby e das frases originais e o drama familiar de sempre seguir as regras dos nossos pais e buscar o que nós queremos pra nós mesmos no matter what. Tudo isso sempre ao som do bom e velho rock 'n' roll desde Ramones até Strokes.

Quer fugir desses besteróis americanos que têm essa ideia noiada de que filme pra jovem é filme de putaria? Pode assistir Whip It sem medo de ser feliz! Rasgue-se de rir com as inúmeras quedas e com a interpretação memorável do elenco praticamente inteiro feminino, que além da Ellen Page ainda conta com a própria diretora Drew Barrymore no papel de louquinha e Juliette Lewis de veterana fodona. Enfim, ótimo filme de estreia na direção da Drew. Espero que ela se mantenha nessa linha de comédia e drama simultâneas da vida cotidiana, porque né, tem coisa mais hilária/trágica do que nossa vidinha do dia-a-dia?

Nota: 9,5.
"Well, put some skates on. Be your own hero!"
*Trailer, IMDB.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Horcrux de Dorian Gray

Essa semana me perguntaram se esse livro que eu tava lendo era de vampiro:


Não, não, é só um clássico da literatura inglesa do final do século XIX.

A obra narra a história de Dorian Gray, um rapaz bonito e ingênuo que tem seu retrato pintado pelo amigo Basil Hallward. Ao conhecer o Lord Henry Wotton, Dorian se encontra absolutamente atraído pela visão de mundo que este lhe apresenta, segundo a qual a verdadeira razão da vida é a apreciação da beleza através do prazeres percebidos pelos sentidos. Ao se dar conta de que não será pra sempre jovem e belo, Dorian levianamente faz um pedido: deseja que seu retrato envelheça em seu lugar e ele retenha sua atraente beleza. Adivinha. O desejo se realiza e daí pra frente, mermão, é só ladeira a baixo...

Vou confessar que no começo achei O Retrato de Dorian Gray um saco. Pra mim era só um bando de aristocratas metidos a besta falando de como a vida é bela e que assuntos como política e filantropia são coisas de desocupados, etc e tal. O personagem do Lord Wotton é nesse sentido a maior máquina de pérolas do romance. Extremamente cético, misógino e espirituoso, ele é tão seguro do que fala, que acaba encantando o cabeça-de-vento do Dorian. Já o Basil, o pintor, morre de cíúmes porque seu "amigo" se deixa levar por um sujeito como o Lord. Vale lembrar que o autor, Oscar Wilde (que aliás era gay), ainda teve que dar uma abrandada nos tons homossexuais do romance pra não chocar a sociedade inglesa da época.

Mas, entretando, todavia, contudo, no entanto, essa primeira má impressão foi substituída pela noção de que esse era só o início. A real sacada da obra tá justamente no que se passa em seguida. Já que Dorian não envelhece, o peso dos erros dele recaem sobre o retrato, que vira uma espécie de espelho da alma corrupta do personagem. Mas não estamos falando de erros tipo "oops, esqueci de pagar a conta de luz", são mais como "oops, viciei meu amigo em ópio", "oops, matei", e por aí vai.

Com o passar dos anos Dorian passa de uma figura admirada, que atrai qualquer um que se aproxime, pra um sujeito escuso sobre o qual as pessoas cochicham pelas costas. Na sua busca pelo prazer e pela fruição da beleza, ele acaba se entregando a uma vida desregrada e cheia de vícios, na qual vive uma vida dupla visitando casas clandestinas de ópio e de prostituição e ainda frequentando as festas da alta sociedade. Esse, aliás, é um tema central na obra, que procura mostrar que a Estética, a "arte pela arte" (movimento que no Brasil corresponde ao Parnasianismo), é vã no sentido de que a vaidade exacerbada leva simplesmente à degradação da alma, ao invés de promover a beleza crua da arte.

O Retrato de Dorian Gray foi duramente reprovado pela crítica da época, tanto pelas insinuações homossexuais como pela suposta má influência que poderia causar nas pobres e castas mentes dos jovens que viessem a ler o livro. Felizmente hoje já é bastante cultuado e inclusive já teve algumas adaptações pra TV e pro cinema (a mais recente em 2009, intitulada Dorian Gray). Muito interessante a leitura pelos vários pontos de vistas não ortodoxos sobre a sociedade do fim do século XIX na Inglaterra, que na visão do autor era totalmente brega, e pela trajetória de decadência do ser humano desenfreado entregue somente aos prazeres da vida.
"Humanity takes itself too seriously. It is the world's original sin. If the cave-man had known how to laugh, History would have been different"

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mas o que há de errado com os games?

Dá um medo quando a gente quer contradizer alguém que tem certa autoridade, né? Pô, o cara vive disso, (supõe-se que) sabe o assunto de cabo a rabo e as pessoas vão até ele pedir opinião. Quem sou eu pra desdizer ou quem sabe até maldizer o que esses caras afirmam ferrenhamente com palavras grandes e embasamentos filosóficos que eu nem sequer sei de onde vieram? Pois é, mas é isso que eu vou fazer hoje: ir contra os críticos, dar minha cara a tapa e dizer que achei Sucker Punch legal.

O filme narra a história de Babydoll, uma jovem que acaba sendo internada em um instituto psiquiátrico após ser culpada injustamente por seu padrasto pela morte da irmã. De repente a sequência normal da história muda e a jovem se vê em uma realidade diferente, na qual ela é obrigada a trabalhar numa casa de prostituição junto com outras garotas: Amber, Blondie, Rocket e Sweet Pea. Nesse prostíbulo as garotas devem ter aulas de dança como forma de treinamento para suas performances, depois das quais seus clientes as escolherão. Presa nessa realidade opressora, Babydoll começa a ter visões/flashes/whatever de uma terceira realidade, onde todas as meninas são soldados de um mundo bizarro em busca de cinco itens misteriosos. Baseada nessa visão dos cinco itens misteriosos é que Babydoll então passa a planejar a fuga do prostíbulo. Ufa! Odeio resenha que se estende falando da sinopse, mas dessa vez foi preciso. 

Passa da metade do filme e você (pelo menos eu) ainda não entende exatamente onde elas estão de verdade ou o que significa o início do filme pra história. Mas é interessante notar dentro dessa confusão de tramas paralelas os detalhes incríveis da fotografia. Do início soturno quase preto e branco somos levados pro mundo mais vivo da vida violenta no prostíbulo e de lá pro mundo mais bizarro de todos, que alterna entre castelos góticos, trincheiras alemães sangrentas e templos orientais. Sem contar que as cenas de luta são dignas dos mais loucos videogames, com direito a slow motions espetaculares e quase que total descaso com as leis da física. Imagens realmente muito bonitas, mas que devido ao uso extremo da computação gráfica sofreram reprovação da crítica, que julgou serem mais coerentes com os próprios videogames do que com um filme mesmo. Bullshit, I say.

Outro ponto muito polêmico entre os críticos foi o suposto tiro que saiu pela culatra. Na busca por tornar as mulheres donas do seu destino, que vão a extremos em sua luta por liberdade, disseram os expertos que o filme acaba as degradando, colocando-as em um universo extremamente violento, no qual são humilhadas e submetidas à venda indiscriminada e vulgar de seus corpos, fato corroborado pelos trajes mínimos que vestem durante a maior parte da história. Quanto a isso não posso afirmar com certeza, mas o próprio fato de elas serem capazes de tudo aquilo pra ter uma vida mais digna me parece muito mais enaltecer a fibra feminina do que realmente degradá-las, já que não são elas as culpadas por se encontrarem naquela humilhação.

No final das contas não importa exatamente qual dos mundos é o verdadeiro, pois cada um carrega a sua verdade. O que acaba importando é que cada um é reflexo do outro e a mesma história se desenvolve sob circunstâncias absolutamente diferentes em cada um, mas acabam se encaminhando pro mesmo resultado. Enfim, um filme que não prima propositalmente por levantar qualquer tipo de bandeira, mas que é simplesmente divertido e com uma história bem diferente das que se veem por aí. Vale a pena pelas imagens impressionantes ao som de uma trilha psicodélica bad ass de rock e mulheres dando surra em robôs, soldados, monstros e no que aparecer.
"If you don't stand for something, you'll fall for anything"
*Trailer, IMDB.

sábado, 9 de abril de 2011

Meu Top 5 Muse

É, Muse pela segunda vez no Brasil, mas dessa vez eu não vou gastar meu dinheiro suado (tá, da primeira vez não suei at all) só pra vê-los fazer um show de abertura pro U2. Ainda assim, eles estão aqui e mesmo com o setlist consideravelmente reduzido, eu sei que vai ser foda. Então pra chorar as mágoas vou postar aqui meu Top 5 da banda.

5 - Supermassive Black Hole

Sim, essa é a música do Crepúsculo 1 da cena do baseball, whatever. Não deixa de ser foda por isso.

4 - Undisclosed Desires

Mais uma do estilo "quero te seduzir" à la Muse. Ainda tem essa menina performática no clipe.

3 - Time Is Running Out

"Yeah, you will be the death of me". Uma das primeiras em que me viciei depois que me libertei do vício do Black Holes and Revelations, que foi o primeiro álbum que eu ouvi.

2 - Butterflies and Hurricanes

Sem dúvida uma das melhores letras da banda. E o Matt ainda dando show no piano.

1 - Plug In Baby

Minha preferida dos 5 álbuns e não tem quem tire. Canto quinhentas milhões de vezes no Guitar Hero, nunca cansei e nunca cansarei. Taí ela ao vivo. Sente a porrada e agradeça o fato de que o Matt não foi pra ópera e escolheu o rock.


É isso, gente, pena que não deu pra incluir nenhuma do Showbiz (o primeiro deles) que é um álbum muito bom também, mas realmente os posteriores foram os que os colocaram no patamar em que estão hoje. Espero que da próxima vez que eu for fazer um Top 5 do Muse, que seja antes de um show em que eu realmente esteja presente.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Minha Noite de Mirtilo

Mas a internet é uma coisa incrível mesmo, né? Sabe-se lá onde você vai parar depois de cada clique, cada pesquisa nonsense no google, cada link estranho postado por um semi-conhecido no twitter. Minhas aventuras de internauta de hoje tiveram um resultado mais do que satisfatório pra esse fim de quinta-feira, que infelizmente começou trágica com o massacre na escola Tasso da Silveira no Rio. Mas não é dessa tragédia que eu queria falar hoje. Queria simplesmente comentar o fato de como é legal ter a sorte de encontrar algo por acaso; algo BOM por acaso. Legal não exatamente como achar cinco reais na rua. Legal mais como achar cinco reais no bolso daquele seu jeans encardido, mas que é o seu mais confortável. O tesouro estava ali o tempo todo só esperando você achá-lo. Tá, chega. Acho que Grey's Anatomy me fez uma lavagem cerebral. Passemos à resenha.

O achado de hoje, que eu já nem me lembro como achei, é o filme Um Beijo Roubado (My Blueberry Nights. Adoro essas traduções brasileiras), filme que marcou a estreia da Norah Jones no cinema. Ele conta a história de Lizzie, que após uma decepção amorosa resolve começar tudo de novo e deixa Nova York em busca de novas coisas. Nessa jornada Lizzie conhece várias pessoas, cada uma diferente da outra e muito diferentes da própria Lizzie, que sempre se demonstra quieta e amável. Dentre essas novas amizades temos um policial alcóolatra e sua ex-esposa errática no Tennessee e uma jogadora profissional de pôquer em uma cidadezinha em Nevada. Cada uma dessas pessoas deixa uma marca na protagonista e lhe mostra os diferentes rumos por onde a vida pode nos levar.

Esse é um filme absolutamente sem a mínima pretensão de se fazer importante. É uma história simples sobre buscar a si mesmo, embalada por uma trilha sonora intimista (incluindo a própria Norah Jones) e sem ser sentimetaloide. Aliás, se você não estiver no humor certo, pode até achá-lo enfadonho em certas partes, mas vale muito a pena pela interpretação convincente do elenco - que inclui Natalie Portman, Rachel Weisz e Jude Law - como um todo. A propósito, bizarro ver a Natalie Portman caipira com aquele sotaque sulista.

A crítica americana chegou a reprovar certos aspectos do filme, dirigido pelo chinês Wong Kar Wai, por achar os diálogos meio traduzidos e o retrato dos americanos como se visto de fora. Convenhamos, como brasileiros não temos nada a ver com isso. O que importa aqui é o lembrete de que nessa nossa era maníaca por 3D e grandes produções ainda se fazem filmes sobre pessoas comuns, com emoções comuns a todos nós, ainda que a gente só encontre esses filmes por acaso, clicando talvez num link estranho postado por um semi-conhecido no twitter.
"It wasn't so hard to cross that street after all. It all depends on who's waiting for you on the other side"
*Trailer, IMDB

terça-feira, 5 de abril de 2011

(Sem) Vergonha dos Pés

Sempre fui travado com literatura brasileira. Não gostava, achava antiquada, maçante. Mais pelo caráter de obrigatoriedade da escola do que pelo conteúdo em si. Me envergonho de estar mais familiarizado com a literatura em língua inglesa do que com a minha própria. Obviamente isso vai mudar, dado que em menos de uma semana vou começar o curso de letras. Mas enfim, essa semana resolvi dar uma pausa com os europeus e os americanos e resolvi dar uma passeada pelo nosso querido Brasil. No entanto, não queria ler  um clássico tipo Machado de Assis ou coisa do tipo, escolhi então um livro que tava querendo ler fazia um tempão, desde que meu fim de domingo era sentar na frente da TV, colocar no GNT e assistir Irritando Fernanda Young.

Vergonha dos Pés, romance de estreia da autora, narra a história de Ana, uma universitária extremamente entediada com a vida. Mora numa cidade universitária onde não conhece ninguém, acha seu curso sacal e vai morar sozinha após flagrar seu marido com outra. Embora o tédio e o desencanto tenham papéis centrais no desenrolar da trama, 'entediante' seria a última palavra que eu usaria para descrever o romance.

Guiados pelo narrador em terceira pessoa, somos transportados aos pensamentos mais íntimos da protagonista, sem qualquer amarra ou pudor. Alternando entre o presente e o passado, Ana nos proporciona sempre metáforas hilárias e pontos de vista peculiares, e muitas vezes simplesmente bizarros, acerca de todos os aspectos da vida, desde o feminismo até a sua aversão a caroços de tomate. A minúcia e as indiossincrasias na personalidade de cada personagem são tão bem tecidas que nem por um segundo você duvida da veracidade daquelas pessoas.

O sonho da personagem em se tornar escritora tem também claros reflexos na história, já que em certos momentos fazemos uma viagem através da metalinguagem até o romance que Ana escreve em sua cabeça, que claramente é influenciado pelo que se passa em sua vida, ora como uma alternativa de escape da realidade, ora como vingança passional. Dessa forma também somos levados a pensar na relação da própria Fernanda Young com seu próprio romance; qual é a relação entre ficção e realidade?

Enfim, fico feliz que essa minha empreitada de volta à nossa literatura tenha tido tanto êxito. Vergonha dos Pés é mais do que recomendável. Embora estejamos (pelo menos eu, do alto dos meus 19 anos) duas gerações abaixo da da Fernanda Young, não perdemos nada do humor culto e irônico do romance. Garanto que você vai rir alto várias vezes durante a leitura; daquelas risadas que você olha envergonhado pro resto do ônibus pra ver se alguém te viu. Pra mim aconteceu na parte em que Ana, descontrolada com a passividade do mundo, xinga indignada os funcionários do McDonald's dizendo que o sanduíche tava com gosto de boceta. E isso só pra dar uma palhinha. A Fernanda Young já pode certamente contar com mais um fã.  

"Por que não ensinam às pessoas, desde bem pequenas, que elas são indivíduos preciosos? Que devem amar não por carência, acreditando que desta forma a solidão de suas existências cessará. Mas amar com o coração em paz, com a ideia de que nem a pessoa mais íntima pode compartilhar a sua dor. A dor de não ser hermafrodita, de não ter com quem partilhar suas entranhas"

sábado, 2 de abril de 2011

Top 5 2011 Songs So Far

Lá se foi o primeiro semestre de 2011. Voando por sinal. Quanto à música, ouvi muita coisa nova nesses três meses e até me permiti ir um pouco mais além dos estilos a que sempre dei preferência. Por isso nesse post de hoje vou listar meu Top 5 de músicas do ano até agora.

5. L.I.F.E.G.O.E.S.O.N - Noah And The Whale

Folkzinho inglês tranquilo. Não sei o que tem nessas músicas que o povo fica soletrando, mas é viciante, desde Fergie até Arctic Monkeys.

4. Taken For A Fool - The Strokes

É, os Strokes não voltaram com tudo mesmo. Julian diva gravando CD separado da banda, Albert sem cabelo e Nick falando que gravar nesse clima nunca mais. Under Cover of Darkness era a mais parecida com o som dos álbuns antigos, mas não deixa de ser boa. Mas a melhor do álbum é mesmo Taken For a Fool.

3. If You Wanna - The Vaccines

Já chamaram o The Vaccines de novos Strokes, novos Arctic Monkeys, whatever. Pessoalmente eu não vejo o porquê de taaaanto alarde. Ok, a banda é bem legal, mas nada tipo "Uhuuul, o rock não morreu" e a própria banda deve saber disso, tanto que o nome do álbum é "What Did You Expect From The Vaccines?".

2. Young Blood - The Naked And Famous

Tá, o álbum de estreia dos neozelandeses do The Naked And Famous é do ano passado, mas eu só os descobri esse ano mesmo. E sim, estou aqui perante vocês genuinamente dizendo que curti uma banda de música eletrônica, kill me. hehe

1. I'll Be Yours - Those Dancing Days

A primeira vez que ouvi essa música foi quando vi o clipe em algum blog de música desses aê. Achei legal a simplicidade do vídeo, só essas cinco garotas suecas brincando de Nintendo 64, de Banco Imobiliário ou só matando o tempo, ou seja, viva a nossa geração! Esse single pertence ao segundo álbum da banda, o Daydreams & Nightmares, que embora não seja tão legal quanto essa música vale a pena dar uma ouvida.