terça-feira, 11 de junho de 2013

Before I Forget

Semanas lentas, tédio, tempo nublado, horas olhando o teto: condições perfeitas pra se escrever no blog. Pensei primeiro em escrever sobre esse suposto último filme da franquia The Hangover, mas mudei de ideia, queria escrever sobre coisas boas. Então pensei em escrever sobre esse último Star Trek, mas mudei de ideia, queria escrever sobre algo que realmente me empolgasse. Daí finalmente assisti pela segunda vez no cinema Before Midnight, e aí sim temos uma sequência que vale a pena ser explorada. Mas como se trata do terceiro filme da série, acho melhor fazer um apanhado geral como apresentação mesmo, já que infelizmente ela teve pouco alcance nesses dezoito anos desde o lançamento do primeiro.


Before Sunrise, Before Sunset e Before Midnight são um projeto do diretor americano Richard Linklater,  também responsável pelo roteiro junto com o Ethan Hawke e a Julie Delpy (que estrelam os filmes). A série documenta o relacionamento entre Jesse e Celine, um turista americano e uma estudante francesa que se conhecem numa viagem de trem pela Europa. Pra mim, no entanto, o grande apelo do projeto tá no espaçamento de nove anos entre cada filme, durante os quais não só as personagens, mas também os atores, obviamente, envelhecem. Assim, cada filme se torna um retrato de uma mesma geração feito em diferentes décadas, no caso anos 90, 2000 e 2010.


O Sunrise estreou em 1995, quando as personagens tinham seus vinte e três anos, portanto tem toda aquela atmosfera misteriosa de um encontro inesperado numa bela capital europeia. A cada minuto somos fascinados pelos sonhos, aspirações, preocupações e, claro, presunções desses dois jovens tão especiais e, ao mesmo tempo, tão próximos de nós, também com nossos vinte e poucos anos, cheios de sonhos, aspirações, preocupações e, claro, presunções. Em 2004 chega o Sunset aos cinemas, mas encontramos as personagens já com outras coisas na cabeça. As conversas interessantíssimas ainda estão presentes, mas tudo parece mais prático, os problemas mais maduros e a realidade da vida mais imediata. Falamos também de casamento, religião, morte, e vemos um Jesse e uma Celine nos seus trinta e dois anos, com seus empregos, suas vidas e suas bagagens adquiridas durante os últimos nove anos.

Eu, infelizmente, só fui ter contato com esses filmes maravilhosos depois de 2004, mas tento imaginar a experiência única que deve ser acompanhar esses dois de perto, principalmente os quarentões de hoje, e se identificar com a evolução pela qual eles passaram. Finalmente esse ano, mantendo a regularidade dos nove anos, tivemos o prazer de ver o Midnight, no qual os dois já estão na meia idade. Não quero dar qualquer tipo de spoilers sobre a trama, mas o projeto está tão bem feito que muitos críticos chegaram a declarar que esse é o melhor até agora. O Sunrise ainda é meu preferido por estar mais próximo do meu momento na vida, mas o Midnight com certeza atesta a maturidade de todos os envolvidos na criação da série. Ao mesmo tempo que aposta na fórmula do sucesso dos filmes anteriores, esse terceiro tem a liberdade de brincar com novos elementos e espelhar a própria maturidade que as personagens vivem.


Recomendo a série a qualquer pessoa de qualquer idade. Aparentemente são filmes sobre um romance, mas, no fim das contas, é um verdadeiro legado que essas pessoas nos deixam. Poucas vezes o cinema nos permite ver com tanta clareza a evolução de uma história tanto a nível pessoal quanto a nível cultural. Cada filme é produto do meio e do tempo em que se passa, uma fotografia que não procura explicar, mas simplesmente retratar. Tanto que pouquíssimas coisas acontecem em cada filme. Temos sempre longas tomadas sem cortes, sendo o diálogo o motor primordial da história. E a mensagem é bem clara. O objetivo não é narrar, o importante não é saber se eles se amam, se vão ficar juntos, mas documentar o que é estar vivo nos nossos tempos, com as nossas dúvidas, com os nossos relacionamentos. E que venha 2022!


"We're just passing through"

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