Nunca usei este blog como querido diário porque, bem, a quem interessaria meu esquema "escola-cinema-clube-televisão"? Contudo, esse último fim de semana foi fora do comum o bastante pra ser aqui relatado. Desde o dia 5 estive em São Paulo por ocasião do Festival Lollapalooza e só retornei a essa minha Manaus do coração hoje. E como eu escrevo sobre música só a cada três meses, ja é algo a mais que posto aqui sobre o assunto.
Tudo começou na última quinta-feira aqui em Manaus mesmo, quando tomamos um chá de cadeira bonito no aeroporto. Chegamos lá às 2h30 e só saímos às 13h30 por causa da neblina que parou tudo até de manhã cedo. Além disso, a Gol muito competentemente ficou adiando e adiando nosso voo até a tarde e nessa brincadeira perdemos o dia em São Paulo. Mas deixa estar, o ponto alto da quinta seria o show do Foster The People às 22h no Cine Joia, no bairro da Liberdade.
E foi o ponto alto de fato. Mesmo entrando exatamente na hora do show, não ficamos longe do palco porque o lugar era pequeno e era em formato de teatro. Desde Houdini, a primeira que a banda californiana tocou, não dava pra ficar parado nem nas músicas lentas. A percussão é essencial na apresentação dos caras, tanto que a bateria não fica no fundo do palco como de costume, mas bem na frente, assim é impossível não se empolgar junto com os integrantes e pirar na batida. E falando em pirar, tenho que falar que o vocalista, o Mark Foster, é mestre. O cara tem umas dancinhas muito dorks e interage o tempo todo com o público. A galera também não ficou pra trás, cantou a maioria das músicas junto com a banda e confirmou que o público brasileiro é um dos melhores públicos do mundo em termos de empolgação. Fiquei orgulhoso da gente também porque a música que mais bombou não foi Pumped Up Kicks, como era de se esperar, mas Call It What You Want e Don't Stop, durante as quais o Cine Joia quase vinha a baixo. Enfim, um show muito foda que só me fez ficar mais fã da banda.
Já na sexta, 6, fomos a uma exposição no Parque Ibirapuera sobre a história do rock. Foi um programa bem light e ainda tudo a ver com a razão toda da viagem. De noite ainda rolou uma Augusta, mas voltamos não muito tarde porque sábado e domingo eram dias de rock, bebê.
O clima de Lollapalooza no dia 7 já começou no metrô. Era bem fácil discernir a hipsterzada no meio do povo com seus wayfarers e roupas xadrez, falando dos shows que queriam assistir e tudo mais. Depois de uma boa meia hora de fila com essa galera do lado de fora do Jockey, finalmente chegamos na mega estrutura montada pro festival. Vários palcos espalhados e intercalados pelos caixas, bares, lanchonetes, banheiros e stands promocionais dos patrocinadores. Tudo, na minha opinião, bem planejado e sem confusões quanto às filas e à circulação de pessoas. Claro que lá pras 6h da tarde as filas do caixa estavam gigantescas e a galera tava reclamando, mas me safei dessa porque já tinha comprado várias fichas assim que cheguei. Mas passemos ao que interessa de verdade: Música!
O primeiro show a que assisti no sábado foi o do Cage The Elephant. Eu já conhecia algumas poucas músicas da banda, mas, infelizmente, a primeira dos caras que eu ouvi foi Shake Me Down e não tinha curtido muito por causa da voz irritante do vocalista, daí nunca tive saco pra baixar e ouvir o resto. O show, no entanto, foi uma boa supresa pros meus ouvidos descrentes. Embora fosse um show vespertino, a galera tava pilhada na apresentação no mínimo energética da banda, protagonizada pelo vocalista loucaço que gritava e corria pelo palco e que, duas vezes, se jogou no povo que não parava de gritar "jump! jump! jump!". Muito bom o show deles! Em seguida, depois de um intervalinho de uma hora, vi o show do Band Of Horses no mesmo palco. Esse, sim, tinha aquele climinha mais fim de tarde, com músicas calminhas e tal. Até conhecia umas três e pude ver que a banda tava realmente feliz de 'tar aqui no Brasil tocando praquele povão todo. Definitivamente passarei a ouvir mais.
Finalmente, de noite, teve o show do headliner mais esperado do festival: Foo Fighters. Só que a coisa meio que desandou nesa hora. Acabei me perdendo da galera com quem eu tava e como eu não tava meeeesmo a fim de ser esmagado no show de uma banda da qual eu nem gosto, resolvi ver o show lá do fundão sentadinho e explicando pra menina do meu lado que em Manaus existe civilização. Agora é inegável que o Dave Grohl é o cara! Putz, ele agita muito a galera, canta e toca pra cacete, fala sobre as músicas e sem grandes pretensões. Ainda por cima faz o povo pular por duas horas e meia e ainda chama a Joan Jett pra cantar com eles no final. Muito muito bom o show deles. Não curto o som, mas tenho que admitir.
Vendo que era impossível assistir a todos os shows e ainda assim ficar perto da grade no sábado, decidimos no domingo acampar, assim que chegássemos, em frente ao palco em que os Arctic Monkeys tocariam. Nisso, teríamos que sacrificar Friendly Fires e MGMT, maaas, prioridades... Claro que mesmo chegando às 15h já tinha uma galera lá esperando o show que só seria às 21h30. Mas até que a espera da tarde foi tranquila, o sol não tava tão forte e as bandas ajudavam a esquecer o cansaço. A primeira que vi foi Thievery Corporation, uma salada muito louca de soul, reggae e rap, sem contar que tinha bem uns 5 vocalistas que se revezavam em cada estilo. Legalzinha e relax no começo, mas com meia hora já tava enjoado. Não é meu estilo. Uma hora depois entrou a Manchester Orchestra, a qual eu muito idiotamente achei que se tratava de fato de uma orquestra quando olhei a programação. Surpreendentemente gostei muito dessa banda americana. Eles tocam um rock lentinho com umas guitarras pesadas. Vale a pena procurar.
Já à noite vimos os shows que nos fizeram viajar 2000 km cruzando o país. Às 19h o Foster The People subiu ao palco e tirou aquele povo todo do chão. O público não foi tão bom quanto no show próprio deles, obviamente, mas muitos dos que tavam ali pra ver Arctic Monkeys pulavam e se empolgavam nas horas certas, fechando com chave de ouro essa turnê da banda, a qual eu sinceramente espero que não seja mais uma One Hit Wonder. Com uma plateia gigante como aquela, o vocalista se soltou ainda mais e até foi elogiado pelos chatos do G1. Terminada a apresentação - 15 minutos antes do previsto! - começou a maldita espera pelos Monkeys. Nisso, a galera que deixou o Jane's Addiction de lado já foi se empurrando pro palco principal. Mil anos depois, com as pernas e as costas doídas, a galera dá boas vindas insanas à banda inglesa mais esperada do dia. Já nas primeiras músicas eu temo pela minha vida. Berrando as letras das músicas, o Lollapalooza vai a loucura e a área ali próxima da grade vira um liquidificador, daí meus óculos começam a embaçar e eu do alto do meu 1,69m mal vejo o palco, ou seja, hora de vir um pouquinho pra trás. E é agora que eu cyber-apanho dos fãs de Arctic Monkeys. Cara, não curto esse setlist novo deles. Também não sei o que aconteceu comigo e com a banda. Era muito fã no primeiro álbum, curti o segundo, não suportei o terceiro e me viciei demais no quarto. Agora no show parece que eles escolheram as músicas mais chatas, sei lá, e tocaram poucas do novo álbum. Sério, não curti tanto quanto achei que curtiria. Achei também o cúmulo terminarem o show com 505, seriously, fim de noite total, que nem o Muse terminando com Take A Bow. Se bem que aqui também não posso deixar de comentar o talento absoluto do Alex Turner. O cara toca demais, canta demais e ainda fez um esforcinho pra agradar a nós brasileiros carentes que curtimos até aquele "obrigado" cheio de sotaque. Ótima performance do cara. Merece todos os elogios.
E foi isso, gente. Essa foi minha primeira aventura em um festival de grande porte. Foi uma ótima primeira experiência. Conheci bandas novas, conheci pessoas diferentes, expliquei mil vezes que Manaus é uma cidade normal, mas faz parte. Talvez da próxima vez não me concentre em um só palco como no segundo dia, mas, dependendo da banda, super vale a pena ficar lá na frente com o resto dos fãs e cansar de pular. Já há rumores de The Killers no fim do ano no Terra. Quero nem pensar pra não sofrer por antecipação. Ainda mais que eles possivelmente estarão com álbum novo. Mas isso é assunto futuro e esse post já tá grande demais. A impressão que fica do Lollapalooza é, afinal, a ótima organização, a mistura de ritmos e pessoas e todos ali unidos pacificamente pelo amor à música, embora o preço cobrado por toda essa estrutura ainda exclua muitos de algo tão universal quando a arte.


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