Tam dam dam dam daaaam (8) E este post finalmente chega à sua derradeira, e ao mesmo tempo primeira, parte. Amanhã é dia de se preparar pscicologicamente e, enfim, na sexta-feira ver se Jogos Vorazes corresponde à toda hype da qual vem gozando ultimamente. Muito se fala que o filme já bateu recordes de pré-venda e que o elenco é ótimo e blá blá blá, mas a verdadeira razão pela qual alguém deve assistir uma adaptação como essa é que o livro é foda, pelo simples fato de que, sem o livro, sem aquela faísca de inspiração, suor e loucura de um ser humano, não existiria um filme do qual falar. Por isso, o post de hoje se dedica inteiramente ao mundo criado por Suzanne Collins.
Como já dito aqui mil vezes, Jogos Vorazes é o romance de abertura da trilogia de mesmo nome e nos conta a história de Katniss Everdeen. Katniss é uma adolescente de 16 anos que, ao ver sua irmã sendo escolhida como tributo pros terríveis Jogos Vorazes, se voluntaria como representante do Distrito 12. As regras dos Jogos Vorazes são simples: os 24 tributos dos dozes distritos devem lutar em uma perigosa arena até a morte; o último que restar será o vencedor e retornará podre de rico pra casa. Acontece que o Distrito 12 é um dos mais pobres de Panem - que são as sobras do que um dia foram os Estado Unidos da América -, então, as chances de sobrevivência da protagonista são muito poucas. No entanto, Katniss ainda possui algumas habilidades que talvez possam ajudá-la nessa cruel batalha pela vida.
Uma das coisas que mais me intrigaram no livro foi a narração em primeira pessoa no tempo presente. A protagonista nunca diz "olhei", "fiz", "corri", mas, "olho", "faço", "corro". Usando esse tempo verbal, ela nos leva numa viagem junto com ela. Não se trata mais de uma personagem contando suas histórias, mas de uma personagem vivendo aquilo tudo ao mesmo tempo em que você lê, o que causa no leitor uma sensação de extrema insegurança quanto ao seu futuro, se é que ele existe. Essa sensação só se confirma mais ainda devido ao ritmo rápido e aos inúmeros perigos presente na história. O fato de presenciarmos os acontecimentos e sabermos seus pensamentos ao mesmo tempo acaba gerando uma grande ligação entre leitor e personagem e essa é uma das razões pelas quais é tão difícil largar o livro.
A história também se constrói sempre em torno de contrastes, desde emocionais até ideológicos. Temos figuras maternas problemáticas em oposição a figuras paternas mais bondosas e tolerantes; amizades sinceras e alianças de interesse; distritos miseráveis e uma Capital moderníssima (te lembra alguma coisa?); jogos vorazes e a diversão de toda uma população. E por aí vai. O mais impressionante é a densidade das personagens que navegam quase sem rumo nesse mar de oposições, principalmente a da protagonista. Nem sempre seus motivos são os mais bem intencionados, mas ela sempre faz o que acha melhor ou necessário. Ao mesmo tempo que receia o amor da mãe, move mundos e fundos pela irmã. Ao mesmo tempo que descobre que não passa de uma pecinha no grande jogo da Capital, ela arranja uma forma de se rebelar e controlar seu próprio destino. E essa pra mim é uma das grandes marcas da Katniss e da criação da autora, a capacidade do ser humano de conciliar suas oposições internas e manter sua integridade mesmo nas situações mais extremas, o que não acontece com alguns personagens...
Pra ver como todos esses elementos se juntam e criam essa complexa teia de intenções e interesses, só precisamos esperar até sexta-feira, dia 23, e conferir a releitura de Jogos Vorazes do diretor Gary Ross, a qual, diga-se de passagem, tem recebido inúmeros elogios por complementar a visão em primeira pessoa da protagonista. No fim de semana, obviamente, estarei de volta pra comentar aqui o filme, mas até lá, essas são as minhas dez razões pra se ver a adaptação de um livro pelo qual me apaixonei à primeira lida e em que me tanto dá prazer mergulhar e reler até hoje. E, como sempre, que a sorte esteja a seu favor!



















