Aiai, qualquer dia desses escrevo com mais afinco algo profundo e super inovador sobre como a internet mudou nossa forma de acesso às obras de arte na contemporaneidade. Mas como não quero envergonhar meu professor de Teoria da Literatura II com uma filosofia capenga de mesa de bar, vou me limitar a comentar aqui o que de fato vim comentar. A questão é que esses dias estava dando uma olhada na filmografia da Carey Mulligan (Uma Educação, Não Me Abandone Jamais, Drive) na Wikipedia e me deparei com um filme do ano passado chamado Shame, estrelado pelo Michael Fassbender, o Magneto jovem desse último X-men.
Dirigido pelo Steve McQueen (Hunger), o longa nos conta a história de Brandon, um viciado em sexo que aparentemente tem uma vida normal. Ele tem um bom emprego numa empresa, tem um apartamento confortável e uma vida social normal. Até uma irmã meio doidinha ele tem a boa vontade de acolher. O problema é que esse vício começa a afetar alguns aspectos da vida dele, e o que era apenas algo vergonhoso, relegado à reclusão das quatro paredes do apartamento, passa a manchar sua imagem cuidadosamente criada. Assim, Brandon é forçado a lidar com partes obscuras de sua consciência que ameaçam arruinar sua vida.
Falando assim no seco, tipo, do cara que é viciado em sexo, talvez possa estar dando a ideia de que se trata de algo meio promíscuo ou erótico, mas o tratamento que o diretor dá ao tema é bem diferente. Nesse sentido, os aspectos técnicos têm um papel importante no desenrolar da história. A trilha sonora, por exemplo, é bem pesada com violinos e metais que as vezes parecem embalar um dramalhão de tragédia grega. A partir de pontos de vista não muito convencionais, a câmera também mal se mexe e há cenas que se estendem por minutos sem um corte sequer, o que obviamente mostra a qualidade da atuação. Sabe Deus quantas vezes ensaiaram aquilo pra parecer tão natural e sincero. Enfim, técnica e roteiro se juntam numa perfeita combinação pra contarem uma história sobre um assunto tão sensível.
Através desses elementos, Shame consegue, portanto, explorar a realidade do vício do protagonista em várias esferas, desde a pessoal e familiar até a do trabalho e a amorosa. Percebemos, assim, seus problemas emocionais e sua batalha com qualquer relacionamento que seja mais íntimo que seus encontros sexuais. Mesmo diante dos problemas de sua irmã, Brandon se esquiva e prefere a solidão da vida que antes tinha. No entanto, ele é o que a ela resta e seus laços de sangue podem ser as únicas coisas que podem ajudá-lo a superar as barreiras criadas pelo seu vício. Esse arco do personagem é muito bem desenvolvido e finalmente o diretor nos deixa decidir o desfecho desse turbilhão emocional pelo qual o protagonista passa.
Nota: 9.
Falando assim no seco, tipo, do cara que é viciado em sexo, talvez possa estar dando a ideia de que se trata de algo meio promíscuo ou erótico, mas o tratamento que o diretor dá ao tema é bem diferente. Nesse sentido, os aspectos técnicos têm um papel importante no desenrolar da história. A trilha sonora, por exemplo, é bem pesada com violinos e metais que as vezes parecem embalar um dramalhão de tragédia grega. A partir de pontos de vista não muito convencionais, a câmera também mal se mexe e há cenas que se estendem por minutos sem um corte sequer, o que obviamente mostra a qualidade da atuação. Sabe Deus quantas vezes ensaiaram aquilo pra parecer tão natural e sincero. Enfim, técnica e roteiro se juntam numa perfeita combinação pra contarem uma história sobre um assunto tão sensível.
Através desses elementos, Shame consegue, portanto, explorar a realidade do vício do protagonista em várias esferas, desde a pessoal e familiar até a do trabalho e a amorosa. Percebemos, assim, seus problemas emocionais e sua batalha com qualquer relacionamento que seja mais íntimo que seus encontros sexuais. Mesmo diante dos problemas de sua irmã, Brandon se esquiva e prefere a solidão da vida que antes tinha. No entanto, ele é o que a ela resta e seus laços de sangue podem ser as únicas coisas que podem ajudá-lo a superar as barreiras criadas pelo seu vício. Esse arco do personagem é muito bem desenvolvido e finalmente o diretor nos deixa decidir o desfecho desse turbilhão emocional pelo qual o protagonista passa.
Nota: 9.
"We're not bad people. We just come from a bad place."

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