Negação. Cólera. Negociação. Depressão. Aceitação. Em 1969 a psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross propôs esses cinco estágios do luto (ou da tragédia ou qualquer situação catastrófica), pelos quais seus pacientes passavam quando tinham que lidar com tal situação. Embora esses estágios não se apresentem cronologicamente ou em sua totalidade, Kübler-Ross afirmou que pelo menos dois deles se manifestam, de acordo com o paciente. Me perdoem pelo senso comum e por essa pesquisa superficial, estudantes e profissionais da psicologia, mas a última sexta-feira (15) certamente teve um gostinho trágico e foi pra mim a mais dramática do ano: a estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2.
Eu já estava na fase da negação desde julho de 2007 quando o livro derradeiro da saga foi lançado. Desde então, eu imaginava que realmente só acabaria num longínquo 2010 ou talvez 2011, quando o último filme estreasse. Pois é, aqui estamos e eu pulei a fase da cólera diretamente pra negociação, já que só vai acabar mesmo depois que eu ler tudo pela última vez, certo? CERTO? Mas voltemos ao filme da última sexta-feira 13, opa, 15.
Preciso contar a sinopse? Tá, a Parte 2 começa exatamente onde a anterior parou. Após o episódio da mansão dos Malfoy, que culminou na morte do Dobby, o Harry continua sua busca pelas Horcruxes, a qual finalmente o levará de volta ao seu lar: Hogwarts. E é aí que a porrada rola solta. Voldemort descobre o plano de Harry e fecha o cerco sobre a escola, palco da incrível e deprimente batalha final. Tive que ver o filme duas vezes. A primeira pela emoção e a segunda por um pouquinho de razão, já que eu não queria que essa resenha saísse algo como 5 parágrafos de "AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!".
O filme corresponde somente a doze capítulos do livro, então, eu passei os 130 minutos pensando "caramba, já tá no final, já tá no final". Mas, olha, mesmo que simplesmente pela grana, a Warner acertou ao dividir a história em duas partes. Fico aqui pensando como é que construiriam o final todo em um só longa. As grandes revelações da trama precisaram de tempo, de drama. Sem contar a batalha final. Deus, que foi aquilo? Hogwarts sendo destruída por aquela legião de Comensais e monstros foi um tapa na cara, ainda mais com todos aqueles efeitos especiais incríveis e o castelo digitalmente recriado em todo o seu esplendor noturno.
Aliás, desde a Parte 1, ou melhor, desde O Enigma do Príncipe, a fotografia abandonou sem dó os tons pastéis do péssimo Cálice de Fogo e as cores vivas da inocente Pedra Filosofal. A ação praticamente toda se dá numa penumbra, numa Hogwarts nunca antes vista, onde as paredes de pedras são destruídas, feitiços mortais voam a torto e a direito e os seus personagens favoritos *puff* - morrem. Se bem que o diretor foi extremamente gentil quanto às mortes dos nossos entes queridos. A morte do -, pra mim a mais chocante dessa parte, não foi mostrada diretamente, mas do ponto de vista do protagonista, o que, mesmo assim, não deixou de ser terrível. Já a do -, do - e da - simplesmente não apareceram, o que, igualmente, não diminuiu o impacto de ver seus cadáveres estirados no Salão Principal.
Até as atuações superaram as expectativas. Claro que o elenco de apoio - Voldemort, comensais e professores - continuaram com suas performances espetaculares. Ralph Fiennes como sempre impecável em sua vilania, Helena Bonham-Carter hilária e mortal nas loucuras de Bellatrix Lestrange e Maggie Smith dando show como McGonagall, líder da resistência na batalha de Hogwarts. Quanto ao Alan Rickman, não tenho palavras que se igualem à sua maestria no filme. Snape, o professor mais amado e mais odiado da saga, se mostrou essencial às revelações da trama e Rickman o interpretou de forma brilhante, expondo cada nuance significativa do personagem. Mas eu queria falar mesmo é do trio maravilha. O Rupert sempre foi o melhorzinho dos três e ainda melhorava a cada filme. No entanto, devo tirar também o chapéu pros outros dois. A Emma finalmente se curou da dor de barriga constante (beijos, Kristen Stewart) e conseguiu interpretar a Hermione perfeita que todos amamos. Agora o Daniel realmente me surpreendeu. Ele carregou o filme com muita competência nas costas, sem excessos e com a dignidade do seu personagem. Enfim, nesse departamento tivemos o único longa impecável da série.
Ufa, acho que esse foi meu post mais longo ever. Mas também pudera, foi o fim de uma saga que durou uma década de expectativa, de risos e de choro. Qualquer coisa que eu escreva aqui não será nem metade do que essa série representa pra muita gente da nossa geração. E ter esse final tão apoteótico, com roteiro, trilha, efeitos e atuação tão bem realizados foi fechar esse ciclo com chave de ouro. A única ressalva que eu tenho (desde o lançamento do livro, por sinal) é em relação ao epílogo desnecessário. Muitos fãs não curtiram, mas de forma alguma vai manchar a grandeza e a magia dessa história que vai acompanhar muita gente pro resto da vida. Por fim, hoje acho que ainda estou no estágio da negociação e da depressão. Quem sabe um dia a aceitação bate à porta...
Nota: 10.
Preciso contar a sinopse? Tá, a Parte 2 começa exatamente onde a anterior parou. Após o episódio da mansão dos Malfoy, que culminou na morte do Dobby, o Harry continua sua busca pelas Horcruxes, a qual finalmente o levará de volta ao seu lar: Hogwarts. E é aí que a porrada rola solta. Voldemort descobre o plano de Harry e fecha o cerco sobre a escola, palco da incrível e deprimente batalha final. Tive que ver o filme duas vezes. A primeira pela emoção e a segunda por um pouquinho de razão, já que eu não queria que essa resenha saísse algo como 5 parágrafos de "AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!".
O filme corresponde somente a doze capítulos do livro, então, eu passei os 130 minutos pensando "caramba, já tá no final, já tá no final". Mas, olha, mesmo que simplesmente pela grana, a Warner acertou ao dividir a história em duas partes. Fico aqui pensando como é que construiriam o final todo em um só longa. As grandes revelações da trama precisaram de tempo, de drama. Sem contar a batalha final. Deus, que foi aquilo? Hogwarts sendo destruída por aquela legião de Comensais e monstros foi um tapa na cara, ainda mais com todos aqueles efeitos especiais incríveis e o castelo digitalmente recriado em todo o seu esplendor noturno.
Aliás, desde a Parte 1, ou melhor, desde O Enigma do Príncipe, a fotografia abandonou sem dó os tons pastéis do péssimo Cálice de Fogo e as cores vivas da inocente Pedra Filosofal. A ação praticamente toda se dá numa penumbra, numa Hogwarts nunca antes vista, onde as paredes de pedras são destruídas, feitiços mortais voam a torto e a direito e os seus personagens favoritos *puff* - morrem. Se bem que o diretor foi extremamente gentil quanto às mortes dos nossos entes queridos. A morte do -, pra mim a mais chocante dessa parte, não foi mostrada diretamente, mas do ponto de vista do protagonista, o que, mesmo assim, não deixou de ser terrível. Já a do -, do - e da - simplesmente não apareceram, o que, igualmente, não diminuiu o impacto de ver seus cadáveres estirados no Salão Principal.
Até as atuações superaram as expectativas. Claro que o elenco de apoio - Voldemort, comensais e professores - continuaram com suas performances espetaculares. Ralph Fiennes como sempre impecável em sua vilania, Helena Bonham-Carter hilária e mortal nas loucuras de Bellatrix Lestrange e Maggie Smith dando show como McGonagall, líder da resistência na batalha de Hogwarts. Quanto ao Alan Rickman, não tenho palavras que se igualem à sua maestria no filme. Snape, o professor mais amado e mais odiado da saga, se mostrou essencial às revelações da trama e Rickman o interpretou de forma brilhante, expondo cada nuance significativa do personagem. Mas eu queria falar mesmo é do trio maravilha. O Rupert sempre foi o melhorzinho dos três e ainda melhorava a cada filme. No entanto, devo tirar também o chapéu pros outros dois. A Emma finalmente se curou da dor de barriga constante (beijos, Kristen Stewart) e conseguiu interpretar a Hermione perfeita que todos amamos. Agora o Daniel realmente me surpreendeu. Ele carregou o filme com muita competência nas costas, sem excessos e com a dignidade do seu personagem. Enfim, nesse departamento tivemos o único longa impecável da série.
Ufa, acho que esse foi meu post mais longo ever. Mas também pudera, foi o fim de uma saga que durou uma década de expectativa, de risos e de choro. Qualquer coisa que eu escreva aqui não será nem metade do que essa série representa pra muita gente da nossa geração. E ter esse final tão apoteótico, com roteiro, trilha, efeitos e atuação tão bem realizados foi fechar esse ciclo com chave de ouro. A única ressalva que eu tenho (desde o lançamento do livro, por sinal) é em relação ao epílogo desnecessário. Muitos fãs não curtiram, mas de forma alguma vai manchar a grandeza e a magia dessa história que vai acompanhar muita gente pro resto da vida. Por fim, hoje acho que ainda estou no estágio da negociação e da depressão. Quem sabe um dia a aceitação bate à porta...
Nota: 10.
"Do not pity the dead, Harry. Pity the living and above all, those who live without love."
"You wonderful boy. You brave, brave man."


lindo demais esse teu post, chorei ;-;
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