domingo, 24 de julho de 2011

In Memoriam

E quando você acorda naquele sábado preguiçoso com cara de domingo e começa a passear pelos canais da TV? Geralmente encontro desenho animado, música, crente, programas de auditório babacas da TV aberta, etc. Ontem, no entanto, foi diferente. A primeira coisa com que me deparo é o jornalista da Globo anunciando a morte da Amy Winehouse, que tinha sido encontrada morta no seu apartamento em Londres.

Amy Jade Winehouse: 14/09/83 - 23/07/11
Desde que nasci, vários grandes artistas já morreram, como Kurt Cobain (1994, eu ainda corria pelado em casa, mas tudo bem), George Harrison (2001) e Michael Jackson (2009). Mas a morte da Amy ontem teve um peso diferente. Ela tendo sido apenas 7 anos mais velha que eu, acho que posso dizer que éramos mais ou menos da mesma geração. Por isso foi mais chocante. Eu curtia muito as músicas dela e ela tava sempre ali,  lançando vídeos, fazendo shows e, principalmente, virando notícia na mídia. E de repente, tchau, tchau, acabou-se. Beijos, mortalidade. 

Não acompanhei o trabalho dela desde o início, mas quando o Back To Black estourou nas paradas do mundo inteiro, rapidamente me rendi ao apelo daquela inglesinha magrela do cabelo bizarro e de maquiagem louca cantando jazz, soul, whatever com aquele vozeirão. Pouco me importava se ela aparecia banguela por aí, se ia ou não pra rehab ou se reatava com o Blake, embora, eventualmente, rolasse uma ou duas piadinhas de porra louquice. Mas acima da sordidez dos tablóides que a massacravam, me importava mais era quando o novo álbum ia ser lançado. Por isso, o que fica pra mim é a música - uma das coisas que fazem minha vida muito melhor - as canções agridoces, safadinhas e/ou depressivas dessa mulher.

Obrigado por tudo, Amy! Que você encontre toda a paz que você mesma e tantos outros te negaram aqui!


segunda-feira, 18 de julho de 2011

NOX!

Negação. Cólera. Negociação. Depressão. Aceitação. Em 1969 a psiquiatra suíça Elizabeth Kübler-Ross propôs esses cinco estágios do luto (ou da tragédia ou qualquer situação catastrófica), pelos quais seus pacientes passavam quando tinham que lidar com tal situação. Embora esses estágios não se apresentem cronologicamente ou em sua totalidade, Kübler-Ross afirmou que pelo menos dois deles se manifestam, de acordo com o paciente. Me perdoem pelo senso comum e por essa pesquisa superficial, estudantes e profissionais da psicologia, mas a última sexta-feira (15) certamente teve um gostinho trágico e foi pra mim a mais dramática do ano: a estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2.

Eu já estava na fase da negação desde julho de 2007 quando o livro derradeiro da saga foi lançado. Desde então, eu imaginava que realmente só acabaria num longínquo 2010 ou talvez 2011, quando o último filme estreasse. Pois é, aqui estamos e eu pulei a fase da cólera diretamente pra negociação, já que só vai acabar mesmo depois que eu ler tudo pela última vez, certo? CERTO? Mas voltemos ao filme da última sexta-feira 13, opa, 15.

Preciso contar a sinopse? Tá, a Parte 2 começa exatamente onde a anterior parou. Após o episódio da mansão dos Malfoy, que culminou na morte do Dobby, o Harry continua sua busca pelas Horcruxes, a qual finalmente o levará de volta ao seu lar: Hogwarts. E é aí que a porrada rola solta. Voldemort descobre o plano de Harry e fecha o cerco sobre a escola, palco da incrível e deprimente batalha final. Tive que ver o filme duas vezes. A primeira pela emoção e a segunda por um pouquinho de razão, já que eu não queria que essa resenha saísse algo como 5 parágrafos de "AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!".

O filme corresponde somente a doze capítulos do livro, então, eu passei os 130 minutos pensando "caramba, já tá no final, já tá no final". Mas, olha, mesmo que simplesmente pela grana, a Warner acertou ao dividir a história em duas partes. Fico aqui pensando como é que construiriam o final todo em um só longa. As grandes revelações da trama precisaram de tempo, de drama. Sem contar a batalha final. Deus, que foi aquilo? Hogwarts sendo destruída por aquela legião de Comensais e monstros foi um tapa na cara, ainda mais com todos aqueles efeitos especiais incríveis e o castelo digitalmente recriado em todo o seu esplendor noturno.

Aliás, desde a Parte 1, ou melhor, desde O Enigma do Príncipe, a fotografia abandonou sem dó os tons pastéis do péssimo Cálice de Fogo e as cores vivas da inocente Pedra Filosofal. A ação praticamente toda se dá numa penumbra, numa Hogwarts nunca antes vista, onde as paredes de pedras são destruídas, feitiços mortais voam a torto e a direito e os seus personagens favoritos *puff* - morrem. Se bem que o diretor foi extremamente gentil quanto às mortes dos nossos entes queridos. A morte do -, pra mim a mais chocante dessa parte, não foi mostrada diretamente, mas do ponto de vista do protagonista, o que, mesmo assim, não deixou de ser terrível. Já a do -, do - e da - simplesmente não apareceram, o que, igualmente, não diminuiu o impacto de ver seus cadáveres estirados no Salão Principal.



Até as atuações superaram as expectativas. Claro que o elenco de apoio - Voldemort, comensais e professores - continuaram com suas performances espetaculares. Ralph Fiennes como sempre impecável em sua vilania, Helena Bonham-Carter hilária e mortal nas loucuras de Bellatrix Lestrange e Maggie Smith dando show como McGonagall, líder da resistência na batalha de Hogwarts. Quanto ao Alan Rickman, não tenho palavras que se igualem à sua maestria no filme. Snape, o professor mais amado e mais odiado da saga, se mostrou essencial às revelações da trama e Rickman o interpretou de forma brilhante, expondo cada nuance significativa do personagem. Mas eu queria falar mesmo é do trio maravilha. O Rupert sempre foi o melhorzinho dos três e ainda melhorava a cada filme. No entanto, devo tirar também o chapéu pros outros dois. A Emma finalmente se curou da dor de barriga constante (beijos, Kristen Stewart) e conseguiu interpretar a Hermione perfeita que todos amamos. Agora o Daniel realmente me surpreendeu. Ele carregou o filme com muita competência nas costas, sem excessos e com a dignidade do seu personagem. Enfim, nesse departamento tivemos o único longa impecável da série.

Ufa, acho que esse foi meu post mais longo ever. Mas também pudera, foi o fim de uma saga que durou uma década de expectativa, de risos e de choro. Qualquer coisa que eu escreva aqui não será nem metade do que essa série representa pra muita gente da nossa geração. E ter esse final tão apoteótico, com roteiro, trilha, efeitos e atuação tão bem realizados foi fechar esse ciclo com chave de ouro. A única ressalva que eu tenho (desde o lançamento do livro, por sinal) é em relação ao epílogo desnecessário. Muitos fãs não curtiram, mas de forma alguma vai manchar a grandeza e a magia dessa história que vai acompanhar muita gente pro resto da vida. Por fim, hoje acho que ainda estou no estágio da negociação e da depressão. Quem sabe um dia a aceitação bate à porta...

Nota: 10.
"Do not pity the dead, Harry. Pity the living and above all, those who live without love."
"You wonderful boy. You brave, brave man." 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"Abençoados são os esquecidos..."

Façamos um pequeno exercício mental. Feche os olhos - não exatamente nesse momento, ainda não tô fazendo podcast. Tente se lembrar da coisa mais embaraçosa da sua vida. Não, não. Embaraçosa, não. Cruel. Humilhante. Vergonhosa. Pode ser algo que você presenciou ou algo que você mesmo fez. Algo que ainda hoje te assombra e de alguma forma te entristece, enoja ou te faz um ser humano pior. Pensou? Pois bem. E se eu te dissesse que há um jeito de apagar essas memórias? De apagar essas assombrações que com o mais corriqueiro dos acontecimentos pode do nada ressurgir do teu inconsciente. Foi essa a tentação que eu revisitei ainda há pouco quando decidi rever Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.

A história gira em torno de Joel Barish (Jim Carrey), que decide, assim como sua ex-namorada, contratar os serviços da empresa Lacuna Inc, a qual apaga memórias específicas do cérebro humano, dependendo daquilo que o cliente quiser esquecer - no caso de Joel, seu relacionamento fracassado com Clementine (Kate Winslet). A maior parte do filme se passa na mente do protagonista, onde ele revive todas as memórias referentes à ex, fazendo-o eventualmente refletir se esquecer é realmente necessário.



Engraçado como estudar teoria da literatura me faz olhar pros filmes de maneira diferente agora. É claro que a linguagem não é a mesma, mas não deixam de haver ferramentas em comum, como o tratamento da perspectiva, do tempo cronológico, os quais, por exemplo, são elementos trabalhados com destreza no filme.  Ao acompanhar o caminho sinuoso de Joel através de suas memórias, embarcamos numa trajetória parcial na qual seremos expostos desde os mais diversos aspectos de seu namoro até os momentos de maior humilhação de sua vida, uma verdadeira viagem aos sentimentos humanos mais íntimos. Paralelamente, justapõem-se as sequências em que há o questionamento de até aonde vão os benefícios desse esquecimento seletivo. Quem somos nós depois de ter certas partes da memória apagadas?

O filme brinca muito com esses altos e baixos da vida, questionando sempre o limite entre nossa personalidade, nossa essência e nossas experiências representadas pela memória. Quem pode me garantir que depois de ter a memória apagada eu não farei tudo de novo? Quem me garante que me fazer esquecer algo do meu passado vai me dar uma vida nova em que eu possa me reerguer? É claro que no meio desse turbilhão existe preponderantemente uma história de amor, apresentada de forma íntima e original. Apesar de serem opostos, é possível entender a atração que um exerce no outro, e aqui eu tiro meu chapéu pra Kate Winslet e pro Jim Carrey. Em nenhum momento tive vontade de rir por lembrar de algum outro personagem idiota dele. Sério, outra pessoa.

Enfim, o filme é de 2004, então se você ainda não viu, baixe/compre/veja logo. Trata-se não só de uma jornada na mente do protagonista, mas também de um mergulho nas suas próprias experiências e no impacto que elas têm na sua vida. Pra mim, o que realmente ficou foi a importância de passar por esses perrengues, por todas essas chatices, ou mesmo de ter feito aquelas merdas, ofender alguém que eu amo (ou não), invejar, maldizer. Afinal, cada pedacinho desse, cada memoriazinha dessa me ajudou a ser quem eu sou hoje e continuará ajudando pro resto da vida. Esquecer acaba sendo só um retrocesso. Tropeçar absolutamente faz parte do caminho. E como já dizia Nietzsche: aquilo que não me mata só me fortalece.



Nota: 10

          "- What if you take me somewhere else, somewhere where I don't belong, and we hide there till morning?
              - Oh, man. I can't remember anything without you."


PS: escrevi esse post sob os sintomas da privação de sono, portanto noã me responsibalizo por evnetuais incronguências.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Top 5 de Abril a Junho

Junho se foi. E com ele, metade de 2011. Como foram esses 6 meses pra vocês? Já que o mundo não acabou e que no começo de abril eu postei meu Top 5 de músicas do primeiro trimestre, volto aqui pra responder pelo trimestre abril-junho.

5. It's a Party - The Subways

Ai, meu 2006! Esse ano o Subways vai lançar o terceiro álbum, Money & Celebrity, mas já liberaram o primeiro single. O som deles tá mais ou menos parecido com o do segundo álbum, mas tá valendo. IT'S A PAAAARTY!

4. Rolling in the Deep - Adele

Putz, só precisei ouvir uma vez o segundo álbum da Adele, 21, pra eu me render. Porra, essa mulher canta demais. Um dos melhores álbuns do ano, o qual, BTW, fez a Adele bater o recorde da Madonna (9 semanas) ao ficar 13 semanas consecutivas no primeiro lugar da lista dos mais vendidos no UK - beijos, Wikipedia.

3. Reckless Serenade - Arctic Monkeys 

E os macacos voltaram esse ano. Confesso que minhas expectativas pra eles eram quase zero, já que não tinha suportado o terceiro álbum, exceto Cornerstone. Mas isso foi bom porque serviu pra revitalizar meu gosto pela banda. O Suck It And See acertou onde o Humbug errou. Tem as melhores baladas que a banda já fez (Black Treacle, Reckless Serenade, Piledriver Waltz, Suck It And See...) e as mais pesadinhas são bem melhores que as do estilo Crying Lightning. Curti demais.

2. Bumper - Cults

Com certeza foi a alegria do trimestre. Essa dupla nova-iorquina toca um popzinho feliz, às vezes ingênuo, às vezes simplesmente bobo, quase infantil, mas extremamente agradável. Daqueles que dão vontade de sentar debaixo de uma árvore num dia de sol, sentir o vento e simplesmente conversar e rir com os seus amigos.

1. All In White - The Vaccines

A menos que outra banda viciante simplesmente apareça nos próximos meses, já posso dizer que o Vaccines é a minha favorita do ano. A banda não tem muita coisa nova. De primeira você lembra logo de Interpol, Editors e até de Ramones, mas não consigo dizer que esse rock cru e simples não me atrai. As letras vão bem direto ao ponto e tratam desde sexo até morte. Já dá pra perceber a raiva que eu tive quando esses putos cancelaram o show no Planeta Terra. Mas deixa estar, minhas macumbas pra que o Arcade Fire venha serão atendidas.

Valeu, povo! Lembrando que estou sempre aberto a sugestões de bandas legais, tipo Restart, Cine e Luan Santana. Até a próxima!