sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sertanejo MADE IN USA

Em setembro mais uma fall season começou e nossas queridas séries voltaram com episódios novos. Já tô com saudades por antecipação de Dexter, que já tá se encaminhando pra um final promissor nessa penúltima temporada; a trama de The Walking Dead evoluiu muito com a introdução de temas políticos e minhas sitcoms favoritas, 2 Broke Girls e New Girl, continuam hilárias. Infelizmente minha empolgação com Revenge miou drasticamente, então tive que abandonar os evil looks e as armações da Emily Thorne. Um beijo, Emily VanCamp! Mesmo assim, num dos posts da série no Facebook, vi uma propaganda de uma outra série que ia estrear também na ABC. Já vi todos os episódios até agora e já tô viciando.

Pra mim Nashville é um drama musical humorado. Mas atenção, gleeks: a palavra "musical" está aqui escrita no sentido de que sua protagonista realmente é cantora e canta suas músicas em situações reais, não como extravasamento de suas emoções adolescentes no meio do refeitório da escola. Em todo caso, a série gira em torno da Rayna Jaymes (interpretada pela Connie Britton, atriz premiada e linda), uma cantora country famosa cuja carreira tá se estagnando. Forçada a se reinventar, Rayna se recusa a ceder às pressões do showbiz e se vender tal qual a nova sensação sexy do country: Juliette Barnes (Hayden Panettiere mais gata que nunca). A sacada da série é justamente essa: navegar entre a vida pessoal e profissional das personagens oferecendo ao espectador um vislumbre dos bastidores gananciosos do mercado musical.

Cada episódio tem umas duas ou três músicas interpretadas também por outras personagens que não as protagonistas. Entre composições originais e covers, a série busca, pelo menos a meu ver, resgatar algumas raízes da country music ao mesmo tempo que mostra tendências mais recentes do gênero. Mas quanto a isso não posso falar muito porque o mais próximo que eu já cheguei de ouvir música country foi com Kings of Leon, ou seja... Anyways, além da música, as tramas periféricas envolvem obviamente relacionamentos amorosos, drogas e até política.


Nashville já tá até indicada a alguns prêmios e foi bastante elogiada pelos críticos principalmente pela atuação da Connie e pelo roteiro bem escrito. Devo concordar que a Connie tá excepcional no papel, mas isso eu já previa. Desde Friday Night Lights que eu sou fã dela. Concordo igualmente com os elogios ao roteiro. Os produtores exploram os conflitos das personagens de forma mais ampla. A antagonista não se esgota no simples papel de representar a artista vendida; a protagonista também não é só princípios; os jogos políticos tem implicações por vezes mais familiares que propriamente políticas. Enfim, é uma série muito bem pensada, obviamente com uma trilha sonora ótima e composta de personagens densas que ainda têm muito a mostrar depois desses meros sete primeiros episódios. Assim, o ambiente e o sotaque sulistas, o country e o guilty pleasure de ver os bastidores das vidas das celebridades oferecem um entretenimento que não vemos todo dia na tv.
"My momma was one of your biggest fans. She said she'd listen to you while I was still in her belly."
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Aprendendo a Participar

Meses depois... agora que a empolgation do intercâmbio tá se esvaindo e eu já tou mais acostumado com a cidade, a empolgation de voltar a escrever voltou. E este comeback post tem o objetivo de falar de uma obra cujo livro descobri e li há alguns meses. Sempre gosto de lembrar do que me levou a ler, ver ou ouvir alguma coisa, mas já não consigo recordar qual foi o gatilho dessa vez. Acho que foi no MTV Movie Awards, ou no VMA, ou no EMA, alguma dessas premiações aí, que eu vi a Emma Watson promovendo um filme dela que tava pra estrear. Semanas depois devo ter me lembrado disso e fui atrás do livro que deu origem ao filme. 

The Perks of Being a Wallflower (traduzido oficialmente como As Vantagens de Ser Invisível) é um romance epistolar (composto de cartas) de 1999 escrito por Stephen Chbosky que rapidamente ganhou popularidade entre os teens americanos. A obra trata do primeiro ano de high school  de Charlie (no filme interpretado pelo Logan Lerman, o Percy Jackson) na primeira metade dos anos 90. Charlie, sendo um wallflower, é um adolescente mais espectador que ator tentando superar traumas da infância e achar seu espaço no competitivo ambiente escolar. As coisas começam a melhorar, no entanto, quando conhece Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), ambos do último ano e dispostos a mostrar um novo mundo ao protagonista. O mais interessante dessa versão cinematográfica é que foi o próprio autor do romance que adaptou o roteiro e dirigiu o filme, ou seja, logo de cara já não podemos dizer que o longa metragem não é fiel à obra original. Mas muito além de um roteiro adaptado, o filme conta com diversos outros aspectos positivos.

Destaco logo a qualidade da atuação. Eu nunca tinha ido muito com a cara do Logan Lerman pelo simples fato de ele nunca ter feito um filme de que eu realmente gostasse, mas em Perks posso dizer que ele interpreta o protagonista com muita competência e encarna bem a timidez, a sensibilidade e a instabilidade do Charlie do livro, nada a ver com o chatinho do Percy Jackson. Agora a Emma Watson foi pra mim a maior surpresa. Eu já tinha lido umas críticas que a elogiavam muito, mas eu tinha que ver pra crer. A Sam é tão diferente da Hermione e a Emma interpreta tão bem que não tem nem como comparar. O sotaque, o desprendimento, as cenas mais sensuais. Muito orgulho da Emma, acho que ela vai ser a única do trio a se livrar de Harry Potter. Mas ainda temos o Ezra Miller, maior fonte de risos do filme. Conversando com uma amiga, ela me disse que todos saíram da sessão em que ela foi querendo ter um Patrick como amigo. E é bem esse o feeling mesmo. Enfim, um ótimo trio que foge de qualquer estereótipo que possa ser posto numa análise mais apressada.

Ainda além da fidelidade às personagens e à obra, o grande mérito do filme é transpor das páginas pra tela o mesmo sentimento, a mesma essência do livro. E uma das coisas que causa esse efeito é a trilha sonora. Contando com bandas como os Smiths e New Order, a trilha se alia perfeitamente à narrativa e remete constantemente às músicas que são mencionadas no romance. Aliada à música, a montagem das cenas supera uma aparente dificuldade de adaptação de texto pra imagem. No livro a única coisa a que temos acesso é o testemunho do protagonista através de suas cartas e embora talvez seja mais fácil mostrar com imagens do que palavras, o desafio de ser fiel aos sentimentos do Charlie é muito bem aceito na harmonia desses dois elementos. Afinal, qual imagem poderia representar mehor o romance do que um adolescente, de braços estendidos, percorrendo um túnel ao som de Heroes do David Bowie?


Enfim, depois disso só estou mais convencido de que o cinema e a literatura têm muito mais a ver do que às vezes nós nos permitimos pensar. Claro que é uma parcela muito pequena de autores que dominam os conceitos do cinema e podem fazer o que foi feito em The Perks of Being a Wallflower. Mas por isso mesmo achei tão bizarra essa experiência de presenciar um autor/roteirista/diretor. Mais autoral que isso, acho muito difícil. Quem me dera tivesse essa possibilidade e esse conhecimento uma J. K. Rowling ou uma Suzanne Collins, ou mais improvável ainda um J. R. R. Tolkien. Pra quem você reclamaria se não gostasse de uma obra que fosse adaptada dessa forma? Deus? But I digress. O ponto é: leia o livro, chore, tome um banho, espere até que tenha um torrent decente e sinta-se infinito.

Nota: 9,5.
"I know these will all be stories someday. And our pictures will become old photographs. We'll all become somebody's mom or dad. But right now these moments are not stories. This is happening [...] And in this moment I swear, we are infinite"