sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Virão de Fato?

É com muito prazer que anuncio que estou definitivamente de férias! Sim, só agora em janeiro, graças ao atraso do início do ano letivo de 2011.  Mas deixa estar, vou aproveitar esse mês de janeiro o máximo que eu puder; lendo, vendo, postando o que der na lata. Por isso, continuando no espírito dos filmes alemães - vide post anterior sobre Drei -, na terça-feira assisti a Die Kommenden Tage, e como não encontrei um título em português, traduzirei aqui livremente como Os Dias que Virão.

Dirigido por Lars Kraume, o filme de 2010 se passa num futuro bem próximo, tipo, próximo mesmo, já que os fatos se desenrolam desde 2012 até 2020. A trama tem início quando estoura a 4a Guerra do Golfo, na qual os Aliados buscam resguardar suas reservas de petróleo no Oriente Médio, o que gera protestos reacionistas no mundo inteiro, inclusive na Alemanha, onde mora a família Kuper. Diante de tanta instabilidade política e econômica, os membros da família começam a seguir caminhos diferentes, desde a negação total da crise até à filiação a uma organização terrorista.

Filmes sobre o futuro podem sempre quebrar a cara quando os anos de que falam de fato chegam, mas Die Kommenden Tage muito mais que uma mera tentativa de previsão, funciona mais como um alerta pra forma através da qual o mundo está se encaminhando. Quando vemos a Europa na merda que tá e comparamos com a confusão apresentada no filme, é muito fácil fazer uma associação direta. O pior de tudo é ver que embora essas guerras sejam engendradas nos mais altos gabinetes das grandes metrópoles mundiais, muito longe de nós, meros mortais, os efeitos são sentidos por aqui mesmo, podendo causar uma cisão até nas famílias aparentemente mais estáveis, como mostrado na obra de Kraume.

Mas nem tudo são flores. O filme, apesar de focar a crise política e econômica do ponto de vista da família Kuper, não consegue desenvolver plenamente nem um lado, nem o outro. Não sei se vocês achariam o mesmo, mas eu acho que faltaram mais explicações sobre como a Alemanha e o mundo chegaram àquela guerra, enfim, alguns fatos a mais que fortaleceriam os argumentos do filme. Analogamente, a história dos membros da família parece que foi muito rapidamente recortada, com uns saltos temporais meio abruptos, histórias pouco amarradas e uma protagonista meio chatinha. No fim das contas, Die Kommenden Tage é um projeto interessantíssimo, mas que, devido à sua ambição e abrangência, não consegue chegar ao máximo de seu potencial.

Nota: 8,0.

*IMDB

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Três

E aí, gente, como estão os ares do ano novo pra vocês? Eu sei, num mudou P nenhuma, mas aproveitando esse espírito de resoluções pra 2012, esse desejo de querer fazer diferente (que logo estará esquecido, chegado o início das aulas e a volta ao trabalho), resolvi tentar preencher a imensa lacuna que é esse meu mês de janeiro com filmes. Inicialmente, pensei em postar aqui um filme por dia, mas eu me conheço, e assim que esse negócio virar uma obrigação, eu vou enjoar. E como esse não é o objetivo, não farei tal promessa. Contudo, vou prometer que postarei o maior número possível de filmes. Fechado? Beleza, então passemos ao primeiro.

Esses dias tava procurando alguma coisa do cinema europeu, que sempre me surpreende, não porque o povo lá objetive isso especificamente, mas é porque é tão fácil de a gente se acomodar com a porcaria mastigada americana, que quando a gente cruza o Atlântico é sempre algo bem diferente. E dessa vez não pôde deixar de ser assim. O filme escolhido foi Drei (pronunciado drrrai) - três em alemão -, selecionado pelo simples fato de seu diretor ser o mesmo de Corra, Lola, Corra (se ainda não viu, baixa logo), já que, infelizmente, não tenho muitas referências do cinema alemão, por isso esse pulo de galho em galho. Mas vamos ao que interessa.

Neste filme de 2010, Tom Tykwer nos apresenta a história de Hanna e Simon, juntos já há vinte anos, mas um casal que não têm mais aquela intimidade de antigamente. Curiosamente, a entrada de Adam na vida dos dois pode  ter um efeito surpreendente. Bom, se eu contar mais que isso, aí num tem mais graça. De qualquer forma, esse é um daqueles filmes que se você assistir outra vez, vai descobrir uma coisa nova, mas como minha proposta não é ficar revendo filmes, não vou poder falar muito sobre isso. A questão é que a narrativa de Tykwer, nem sempre linear, é perpassada por várias obeervações filosóficas relativas à vida e à morte, as quais foram chamadas de pretensiosas por alguns críticos. Mas quem sou eu pra chamar um diretor de cinema de pretensioso, certo?

Anyways, não me identifiquei tanto assim com o filme porque ele trata eminentemente da famosa crise da meia idade. É claro que eu posso entender o drama das personagens, mas questões como câncer, morte, medo de envelhecer ainda não fazem parte das minhas maiores preocupações. Mesmo assim, o filme é interessante pela forma como a história se desenrola, mudando o foco para cada vértice desse triângulo amoroso, cada um com suas dificuldades, mas ao mesmo tempo entrelaçados pelas circunstâncias. Enfim, uma história simples, porém peculiar, mas que não parece "decolar" em várias momentos. 


Nota: 7,5.