sexta-feira, 10 de junho de 2011

Boy Lit

Umas semanas antes do lançamento do novo álbum do Arctic Monkeys, o Suck It And See (muito bom, por sinal), foi lançada a trilha sonora do filme Submarino, composta por ninguém menos que o próprio Alex Turner. Nem sabia que ele fazia trilha sonora, mas baixei de bom grado e hoje tô viciado. Agora já revirei a net de cabeça pra baixo e não acho link pra baixar o bendito filme, por isso quando vi o livro em que ele foi baseado lá na Saraiva, não hesitei e comprei logo.


Submarino, escrito pelo galês Joe Dunthorne, narra a história de Oliver Tate, um garoto sagaz que quer perder a virgindade antes dos 16 anos e ao mesmo tempo salvar o casamento dos pais. Contando assim desse jeito, parece algo meio American Pie, mas eu asseguro que passa longe disso. Não tem nada do estilo de "comédia" vulgar dos americanos, pelo contrário, o sexo é retratado de forma bem intimista e sem exageros hormonais babacas.

O romance é narrado em primeira pessoa e se passa em 1997 em Swansea, importante cidade do País de Gales. "Curiosamente", os anos 90 foram a década em que o próprio autor ainda era adolescente (criado também em Swansea), o que sugere um quê de romance autobiográfico. Logo de cara já dá pra perceber o caráter do protagonista, que se utiliza de todos os artifícios possíveis pra revitalizar o amor entre os pais, inclusive chantagem emocional. Na escola ele é uma espécie de bully popular, embora fique claro que ele só faz o que faz pra fins de sobrevivência, revelando uma aguda percepção do ambiente escolar muitas vezes cruel.

Na minha opinião essa é a grande sacada do livro, a maneira peculiar em que Oliver enxerga o mundo, sempre analisando profundamente suas relações amorosa, familiar e social. Com um vocabulário bastante extenso e uma esperteza fora do comum, o protagonista vai descobrindo a dor e os prazeres da transição da infância pra vida adulta, desde a perda da virgindade, passando pelo primeiro término de namoro, até a descoberta da imperfeição dos pais. Destaco aqui a qualidade dos diálogos, tanto os internos de Oliver como aqueles com sua namorada, família e outros.

O livro segue num bom ritmo até mais ou menos a metade, quando parece que o foco torna-se exclusivamente pro iminente fim do casamento dos pais. Me pareceu ali que houve um pouco de descaracterização do personagem, já que ele fazia coisas absolutamente ridículas e infantis, meio que quebrando a curva de aprendizado do romance. Mas vai ver é justamente isso. A gente aprende muita coisa, desaprende outras e vai sempre tropeçando. Mesmo assim, achei que foi uma quebra muito grande que me desanimou muito, embora o final agridoce do romance a tenha quase compensado.

É isso, gente. Trata-se de um livro interessante, que alterna em boa parte do tempo entre o drama e a comédia, ambos muito bem orquestrados. É um romance adolescente que distoa bastante dessa era de séries infanto-juvenis água com açúcar bestas (cough cough Crepúsculo cough cough) e realmente adiciona algo às nossas relações sociais, embora, como já disse no parágrafo anterior, desanda um pouco do meio pro final. Enfim, eu acho que o filme deve ser melhor, só que não o encontro de jeito nenhum, então se você achá-lo perdido em algum rincão desse mundo digital, por favor, me avise!


"Exercise II. 


Write a diary, imagining that you are trying to make an old person jealous. I have written an example to get you started: 



Dear Diary, 

I spent the morning admiring my skin elasticity. 
God alive, I feel supple." 
* Trailer
PS: Se descobrirem o porquê do nome "Submarino", também me avisem!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Podre

Como eu disse no post anterior, na mesma noite em que vi Se Beber Não Case 2, também decidi dar uma conferida em Padre. "Pô, Paul Bettany e tals, o cara é bom. Vamo lá". PFF. Teria sido melhor ir pra casa, mas já que não o fiz, acho de bom tom avisar vocês pra que não caiam na besteira de ver esse filme. Se bem que já saiu de cartaz, mas mesmo assim: NÃO baixem, NÃO aluguem (ainda existe gente que vai à locadora?).

A história se passa em um mundo onde a Igreja controla o Estado, que lutou incessantemente para expurgar o mundo da raça dos vampiros. No entanto, o Padre (Bettany) decide deixar a proteção reforçada da cidade quando descobre que sua sobrinha foi raptada. Ao lado do xerife Hicks (aquele primeiro vilão lá do Crepúsculo 1), descobre que o sequestro de sua sobrinha é apenas a primeira parte do plano de um vampiro híbrido para reconquistar o mundo. Falo logo que vi o filme dublado, então já foi um aborrecimento a mais, embora não tenha influenciado em nada no meu julgamento. 

A fotografia até que é legalzinha. Como a história se passa num futuro distópico, a cidade retratada no início do filme tem sua boa dose de prédios escuros e imponentes, ruas sombrias e pessoas apressadas pela rua, todos envoltos em uma atmosfera urbana esfumaçada, enegrecida e amedrontadora. Mesmo quando a narrativa se desloca para os distritos remotos o tom cinza continua presente, acho que deve ser mesmo a estética do graphic novel em que o filme foi baseado.

Quanto a forma em que a Igreja foi retratada, achei totalmente ZzZzZzZ. É muito sem imaginação e completamente medieval. Já tava de saco cheio do padre fodão lá ficar dizendo toda hora que quem vai contra a Igreja, vai contra Deus, blá blá blá. Taaaaalvez seja pelo fato de que o artista que fez o graphic novel seja coreano, então ele pode não conhecer muita coisa do catolicismo e tal, mas também não sei, vai ver que ele morou muito tempo no ocidente, NÃO SEI. Não estou defendendo que ele tivesse pintado a igreja bela e maravilhosa, não sou católico, só achei a fórmula bem batida.

Quanto à trama em si, não vi nada de realmente interessante ali. É só mesmo o protagonista correndo de uma cidade pra outra, encontrando ocasionalmente uns vampiros aê, até que chega ao confronto final com o vampiro-mor e pronto. Realmente nada que já não se podia esperar. Os diálogos também não tem nada demais, dando-se preferência mesmo pras cenas de ação, umas que inclusive quebram tão feio as leis da física que você ri alto de verdade.

Enfim, não percam o precioso tempo de vocês com esse filme. Tenho só pena de quem foi ver em 3D e gastou seus 20 reais pra nada. Aliás, essa história de 3D é uma praga, viu? Galera só quer gastar milhões nas cenas de porrada, de carros voando, explosões e os cacete só pra voar na cara do povo no cinema. Já chega! Quero história, quero riso, quero choro.

Nota: 3,0.
"To go against the church is to go against God"

* Trailer, IMDB.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Ressaca 2

Mais de um mês sem postar. Já tava na hora de tirar as teias de aranha, né? 

Então, essa semana fui ver Se Beber, Não Case! 2. Claro que não seria minha primeira escolha ao ir ao cinema, mas de vez em quando é bom dar uma variada e se arriscar um pouco. Surpreendentemente não senti que meus valiosos 6 reais foram desperdiçados. Pelo contrário, dei umas boas risadas e tive até ânimo pra fazer uma sessão dupla e ir ver Padre (que é uma bosta) logo em seguida.

O filme traz a mesma fórmula do seu antecessor, no qual, depois de uma noite insana de bebedeira, um grupo de amigos acorda num quarto de hotel e tem que lidar com as consequências de todas as loucuras cometidas na noite anterior. A diferença é que o cenário desta continuação é a capital da Tailândia, Bangkok, nas proximidades de onde Stu, o dentista, vai se casar.

A história é bem dinâmica e se centra na busca pelo cunhado de Stu, que já não se encontrava mais no quarto do hotel quando todos acordam e se dão conta de que "aconteceu de novo". Aliás, essas alusões ao primeiro filme até que acontecem com uma certa frequência. Pude percebê-las facilmente justamente porque não vi o primeiro. Ha. Mesmo assim, não tira a graça das diversas outras piadas da história. Muitas delas suscitadas pela simples incredulidade do espectador ao ver, por exemplo, um macaco traficante de drogas e o pênis de uma prostitua travecão.

Os acontecimentos se desenvolvem a medida em que eles tentam retomar os passos da noite anterior e correm desesperados pelas ruas de Bangkok. BTW, achei bem interessante o jeito em que a capital tailandesa foi mostrada no filme, cheia de contradições. Os personagens passam por mercados precários, hotéis de luxo e até por paisagens lindíssimas no Golfo da Tailândia. Comenta-se várias vezes que "Bangkok pegou ele", como se a cidade tivesse vida própria. Engraçado porque quando penso na Tailândia só me vem na cabeça aquelas populações ribeirinhas andando naquelas canoas engraçadas. Meio que o que acontece aqui com o Amazonas: só mostram a floresta e esquecem de mencionar o polo industrial de Manaus, cidade com o sexto maior PIB do país.

Mas voltando ao filme. Tenho que falar que as críticas em sua maioria foram negativas. Justamente pelo caráter repetitivo da sequência, a qual, segundo os críticos, reproduz sem muita inovação a fórmula consagrada do primeiro. Como eu não vi o primeiro, pra mim foi uma experiência nova e bastante divertida. Ri demais, apesar de algumas piadas meio que de mau gosto como um monge budista fazendo farra no puteiro. Mesmo assim, ver um bando de adultos correndo de um lado pro outro numa cidade asiática é muito mais engraçado que um bando de adolescente/universitário babaca bebendo em fraternidades americanas que sempre aparecem nesses filmes de "comédia" que a gente já cansou de ver. Pode ir na fé e despreocupado porque é entretenimento puro.

Nota: 8,0.

"You're in Bangkok, there's a reason why they don't call it Bangcunt"

* Trailer, IMDB.