quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

#2 Os Descendentes

Vi esse filme de hoje ainda no primeiro dia do ano e a razão pela qual o escolhi foi o fato de a menina que faz a filha do George Clooney foi escolhida pra interpretar a Tris, a protagonista de mais uma das minhas séries YA distópicas que vai virar filme, mas não vem ao caso. The Descendants (2011) conta a história de Matt King, advogado e herdeiro de terras no Havaí, cuja esposa entra em estado terminal após um acidente de barco. Forçado a encarar duras verdades sobre seu casamento em crise, Matt também se vê obrigado a descobrir uma forma de criar suas filhas e ainda decidir o futuro da herança secular de sua família.

Uma das coisas interessantes do filme é que ele leva pro Havaí temas que geralmente não vemos em filmes que se passam nesse estado americano. Não estamos falando de surf, nem de férias, nem de amor à primeira vista num lugar paradisíaco. Estamos falando de temas mais recorrentes na nossa vida mesmo, tais como morte na família, casos extraconjugais, criação dos filhos e disputas familiares. The Descendants acaba tratando principalmente do perdão e de como às vezes é tarde demais e às vezes nem tão tarde pra consertar as coisas com aqueles que estão mais próximos demais. Não gosto muito do George Clooney porque, pra mim, ele tem sempre a mesma cara, mas admito que ele carrega o filme com uma interpretação convincente de pai de família contido, sem deixar de colocar um toque de humor que balanceia bem com o drama da história.
"Paradise? Paradise can go fuck itself"

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

#1 Abra os Olhos

Ano novo, novas ideias e novas possibilidades. Minha mais nova proposta que há de falhar em algum momento é postar uma mini resenha de 365 filmes esses ano. Já são 3 de janeiro, mas ainda dá tempo de correr atrás desse pouco tempo perdido. Ultimamente tenho estado numa vibe muito cinema europeu. Na verdade nada que seja em inglês. Há algo de interessante e perigoso em contar apenas com as legendas. Excetuando os filmes em espanhol, os quais eu já consigo acompanhar bem. E é mesmo desse país que eu vou começar essa série de posts.

Abre Los Ojos (1997), do diretor chileno-espanhol Alejandro Almenábar, trata da história de César, um playboy que parece ter tudo. Dorme com uma mulher diferente toda noite, tem casa e carro modernos e ainda conta com o apoio de seu melhor amigo Pelayo. Tudo vai bem até que César sofre um acidente e tem seu belo rosto desfigurado. Sua vida perfeita, portanto, vira de cabeça pra baixo e mesmo sua saúde mental parece ter sido comprometida.

A trama é muito bem construída, considrando que frequentemente alterna entre três planos narrativos distintos: as entrevistas de César com seu psiquiatra, a história em si e os vários sonhos do protagonista. À medida que a narrativa avança, ela lança novas perguntas ao espectador, que jamais acha que desvendou o que está por vir, até que o desfecho incrivelmente sci-fi do filme difere de forma gritante do que a sua abertura sugeria inicialmente. Abre Los Ojos nos propõe refletir sobre a importância da beleza na sociedade plástica dos nossos dias e o que é a dignidade de alguém que de forma tão discrepante não se encaixa nesse mundo. Ao mesmo tempo nos instiga a acompanhar o drama psicológico do protagonista e surpreende com um desfecho mais do que inesperado. Por fim, vale lembrar que o Eduardo Noriega e a Penélope Cruz estão ótimos e que o remake - mais conhecido por vir de Hollywood - estreou 4 anos depois e se chamou Vanilla Sky.
"Tranquilo. Abre los ojos"