E nessa empolgation toda com o fim da trilogia do Batman e tal, Christopher Nolan mandando muito bem nos três filmes, me dei conta de que nunca tinha visto nenhum outro filme do cara. Nem a bendita d'A Origem (Inception), sobre a qual ninguém conseguia calar a boca nos idos meados de 2010. Pois é, resolvi remediar essa minha falha procurando outra obra do diretor americano. E eis que me deparei com Memento, filme de 2000 que chamou a atenção da crítica pro ele.
Adaptado de um conto do irmão do Christopher, Johnathan Nolan, Memento nos traz a história de Leonard Shelby, um ex-investigador de seguros que sofre de perda de memória recente, por isso tatua em seu corpo tudo que precisa saber pra completar sua vingança: matar o suposto estuprador e assassino de sua esposa. A doença dele é tipo a da Lucy de Como Se Fosse A Primeira Vez, ele não consegue guardar novas memórias. Mas não é só quando ele dorme que tudo se apaga, pode ser do nada mesmo, então ele tá mais pra Dori, do Nemo, do que pra Lucy. Anyways, foco, Eduardo, foco.
Pode esquecer a linha cronológica tradicional da grande maioria dos filmes. Logo na primeira cena, não só vemos o final da história, mas também o vemos de trás pra frente, como se rebobinado, estratégia que já anuncia a estrutura da narrativa. Seguem-se então duas linhas temporais. A primeira, em cores, mostra os eventos que imediatamente antecederam o final da história, mas aos poucos e do mais recente pro menos recente. A segunda, em preto e branco, se passa um pouco antes da primeira e segue a ordem temporal natural. Confuso, eu sei. Mas é assistindo que tudo se encaixa.
Na primeira meia hora do filme, achei que ia ficar manjada essa história de contar tudo de trás pra frente e que isso não tinha objetivo algum, fora fazer algo só pra ser diferente. No entanto, os plot twists são tantos que só no final você se dá conta de que a emoção e o mistério da história só funcionam se forem contados dessa forma, especialmente quando as duas linhas temporais se encontram. Na verdade, até agora não sei se compreendi o filme por completo porque muitas são as coisas que voam pela tua cabeça. No final das contas, temos um espetáculo de narrativa que não te deixa um segundo sem pensar nas mil possibilidades pra solução do mistério.
Nota: 9.
"Memory can change the shape of a room; it can change the color of a car. And memories can be distorted. They're just an interpretation, they're not a record, and they're irrelevant if you have the facts."
